Os tipos de Narrativa do Cinema

Quais os tipos de Narrativa mais comuns usadas no cinema? A clássica e moderna basta para classificar cada uma delas?

No texto de hoje, vou falar sobre alguns modos de contar uma história no cinema.

Na verdade, esse texto é desdobramento de um post que faz bastante sucesso no site que é DIFERENÇAS ENTRE NARRATIVA CLÁSSICA VS MODERNA.

Você pode conferir este texto após a leitura desse artigo, mas antes, vamos definir o conceito.

O QUE É NARRATIVA?

Eu já vi muitas pessoas usando a palavra “narrativa” de forma displicente. Isso, claro, é normal. Muitas vezes vemos alguém apresentando um ponto de vista e queremos reproduzir igual.

Inclusive, já vi críticos de cinema usando o conceito de uma forma que distancia o público, o que torna o trabalho elitista.

Para irmos direto ao ponto, NARRATIVA é a forma como se conta uma história.

De que forma você quer que sua história seja apresentada, quais serão seus pontos principais e qual o objetivo disso tudo? Dependendo destas diretrizes, sua forma de contar uma história pode ser classificada como CLÁSSICA ou MODERNA.

Existem muitas diferenças entre estes dois conceitos, mas como disse, você pode acompanhar no post que já linkei aqui.

Agora que a gente já sabe o que é, vamos para alguns exemplos usados hoje no cinema.

NARRATIVA LINEAR

A Narrativa Linear é a mais comum de todas. Geralmente está em histórias clássicas, ou seja, apresenta uma certa estrutura de causa e efeito. Onde “facilmente” conseguimos identificar sua estrutura.

Essa estrutura é da seguinte forma:

  1. Introdução ao ambiente;
  2. Apresentação dos personagens;
  3. Conflito;
  4. Desdobramentos deste conflito;
  5. Resolução.
Homem de Ferro (2008) é um exemplo de Narrativa Linear, Jornada do Herói e estrutura de 3 atos.

Na Linear a estrutura de roteiro de 3 ATOS é largamente usado, já que este esquema possibilita uma linearidade na história.

Aqui também podemos falar da Jornada do Herói, que também é uma arquétipo de protagonista que se une muito bem com tudo aqui apresentado.

NARRATIVA DUPLA OU BINÁRIA

Na Narrativa Binária duas histórias são apresentadas para o público. Elas acontecem de forma paralela, ou seja, cada uma em seu tempo e espaço.

Your Name (2016), de Makoto Shinkai, mostrou como uma narrativa binária pode funcionar atualmente.

Nesse tipo de narrativa, os acontecimentos podem se influenciar ou não; e até os personagens podem se encontrarem ou não. Isso será definido, principalmente, pelo objetivo da história que o roteirista quer alcançar.

Existem filmes, por exemplo, que usam esse recurso para mostrar que diferentes pontos de vistas nem sempre são antagonistas um do outro.

O contexto, as escolhas e até o ambiente dos personagens podem mudar sua percepção sobre o mundo, mas não necessariamente estarem completamente erradas.

NARRATIVA CIRCULAR

A Narrativa Circular não tem um fim em si, já que tudo se conectará de volta ao início. Ela é o oposto da Narrativa Linear. O começo é o fim e o fim é o começo.

Por muitas vezes apresentar um final em aberto ou um desfecho pessimista, geralmente esta narrativa é classificada como moderna.

Filmes com Narrativa Circular podem ser sobre uma história, como se um personagem estivesse contando o porquê ele se encontra no estado emocional do início do filme. O exemplo clássico é o filme Titanic.

NARRATIVA DE INSERÇÃO

A Narrativa de Inserção é usada para, muitas vezes, mostrar a confusão que um personagem se encontra.

Imagine que um determinado personagem não sabe distinguir a realidade de um sonho. Então algumas cenas que estamos vendo, mesmo que pareçam “reais”, já que foram filmadas nas mesmas condições das outras cenas, na verdade são alucinações ou sonhos.

A Mulher na Janela (2021) usa este recurso narrativo para montar e contar uma história com altas doses de suspense.

Pode ser também um flashback, mas numa lembrança você identifica logo uma diferença temporal, seja pela roupa do personagem, pela maquiagem, coisas antigas, etc.

O essencial dessa narrativa é a montagem. Quanto mais essa montagem das cenas foram refinadas, mais essa sensação de confusão persistirá no filme.

NARRATIVA FRAGMENTADA

A Narrativa Fragmentada, como diz em seu nome, apresenta uma história quebrada e que, aparentemente, não faz sentido.

Ela pode não seguir uma linearidade, como em filmes experimentais. Ou pode apresentar diferentes pontos de vistas para falar sobre um mesmo acontecimento, por exemplo, um documentário que usa matérias de arquivos para passar uma mensagem ou contar um fato histórico relevante.

O conceito da narrativa fragmentada pode se misturar às outras narrativas, de modo a contribuir sobre um determinado aspecto do roteiro.

NARRATIVA POLIFÔNICA

A Narrativa Polifônica é uma “evolução” da Binária. Aqui, vários personagens e varias histórias são apresentadas; elas podem se conectar diretamente ou não e seus finais podem se influenciar diretamente ou não.

Geralmente, essa polifonia está a favor da construção de um ambiente, clima social ou de algo maior. Um exemplo é Pulp Fiction, onde as histórias estão interligadas de uma maneira sutil.

Nas séries, por exemplo, muitas vezes essa narrativa é chamada de Antologia. Cada episódio de uma temporada pode apresentar histórias distintas mas unidos por um tema.

Essas diferenças podem se apresentar de uma temporada para outra, onde elas podem estar conectadas pelo gênero e não necessariamente pelos personagens e suas histórias.

CRÉDITOS FINAIS

Independente da narrativa, o importante é se conectar com uma história. As estruturas que apresentei são usadas justamente para nos causar sensações, passar uma ideia, apresentar um contexto, etc.

Que outros tipos de narrativa você se lembra? Comente no post ou fala comigo nas redes sociais do site.

Você pode acompanhar mais conteúdos do Por Dentro da Tela em nosso canal do Youtube.

FONTES

CERQUEIRA, Andreia. Narrativas Cinematográficas. Disponível em: https://knoow.net/arteseletras/cinemateatro/estilos-de-narrativas-cinematograficas/. Acesso em junho de 2022.

BORDWELL, David; Kristin Thompson. A arte do cinema: Uma introdução. Tradução de Roberta Gregoli. Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Editora da USP, 2013.

LEÃO, Philippe. O QUE É NARRATIVA?. Disponível em: https://youtu.be/khdZFKGvkbk. Acesso em julho de 2021.

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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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