Crítica | “Os Farofeiros 2” expande mas pode não agradar

Depois de levar 3 milhões de brasileiros ao cinema com o seu primeiro filme, Os Farofeiros 2 vai tentar repetir esse feito e ainda entrar para o grupo de franquias de comédias do Brasil. Com um roteiro um pouquinho mais afinado e com uma direção mais sóbria, a obra explora temas atuais e se aventura em piadas mais arriscadas.

Com direção do experiente Roberto Santucci, o longa cativa e arranca algumas risadas, mas sem deixar de incomodar algumas das camadas sociopolíticas mais volúveis da sociedade.

Se você quer saber se vale a pena ir no cinema para assistir Os Farofeiros 2, confira agora minha crítica sem spoilers sobre o filme.

Uma continuação necessária?

“Os Farofeiros 2” é a continuação da comédia que esteve no topo das bilheterias em 2018. Desta vez, os colegas de trabalho Alexandre (Antônio Fragoso), Lima (Maurício Manfrini), Rocha (Charles Paraventi) e Diguinho (Nilton Bicudo), acompanhados novamente das suas famílias, vão encarar uma nova roubada: eles foram presenteados pela empresa com uma viagem para a Bahia. Os problemas e imprevistos colocam essa galera em situações hilárias, que vão levar por água abaixo a viagem dos sonhos no Nordeste.

Há quem questione se uma continuação era necessária, mas com uma bilheteria tão grande em 2018 era quase improvável que a produção não ganhasse uma continuação.

A sequência é bem vinda. Ela explora ainda mais os personagens estabelecidos no primeiro filme, inova em algumas situações e mostra para o público um esboço de uma fórmula da franquia.

Achei o argumento para a história bom; bem como o recurso narrativo, que no final nos deixa uma ponta de dúvida bem saudável. Paulo Cursino, que também escreveu o roteiro anterior, conseguiu me convencer do salto temporal dos personagens, mas sem deixar de lado suas características mais marcantes.

Ou seja, se você gostou da química entre os personagens em Os Farofeiros, pode ficar tranquilo que essa relação foi aprimorada.

O elenco, com um tempero que cada ator e atriz traz, está à vontade com seus personagens. Manfrini como Lima está divertidíssimo, mas Charles Paraventi rouba a cena com um personagem engraçado que só ele conseguiria fazer.

O final, bem inteligente, vai deixar você teorizar sobre o que acabou de ver.

Um filme mais ciente de si

Os Farofeiros 2 está ainda mais ciente de seu papel no entretenimento. Assim como a franquia Pânico, que em seus primeiros filmes mostrava as estruturas dos filmes slasher e tirava sarro disso, isso também acontece aqui.

De forma literal, os criadores já adiantam as críticas mais clichês do público e as avaliações mais superficiais da crítica. Além de usar a metalinguagem, quebra a quarta parede no estilo Deadpool.

A sensação ao assistir o filme é que ele está melhor filmado em comparação ao primeiro. Claramente com um orçamento maior, algumas soluções de truques de câmeras não foram necessários aqui (pelo menos de forma aparente).

O uso de computação gráfica é perceptível para os olhos mais atentos, mas mais avançados que muitas produções nacionais atuais.

A direção me pareceu mais sólida. Talvez com recursos melhores, Santucci conseguiu imprimir seu trabalho em planos mais concretos e harmoniosos, mas sem deixar de explorar lentes diferentes para as cenas de “ação” (como por exemplo no toboágua).

Apesar dos acertos, Os Farofeiros 2 se aventurou em piadas mais ousadas. Beirando um limiar perigoso, me parece que esse filme vai causar mais alardes de uma parte do público. Porém, as “piadas de tiozão” servem bem para atrair muita gente para o cinema.

Conclusão

Os Farofeiros 2 é, definitivamente, um filme de comédia brasileiro, daqueles que ocupam nosso imaginário sobre essas produções.

Com clichês talvez já imaginados antes de acontecerem, podem despertar uma banalidade por parte do público. Além disso, o filme reforça algumas visões obtusas sobre minorias da sociedade, o que pessoalmente me incomoda.

Mesmo assim, o fenômeno econômico que esse filme vai fazer em seu tempo em cartaz mais uma vez prova que o brasileiro médio gosta de um tipo específico de produção. Sendo a maioria ou não, sei que ainda tem espaço para outros tipos de histórias no cinema nacional.

Os Farofeiros 2 vai estrear dia 7 de março nos cinemas.

NOTA: 2 / 5 – Regular

O critério de avaliação leva em conta cinco aspectos da obra: roteiro, direção, fotografia/arte, atuação e mensagem/relevância. Já as notas são classificadas como: péssimo, ruim, regular, bom, ótimo e excelente.

O Por Dentro da Tela agradece a Downtown Filmes pelo convite (via Atômica Lab) para a cabine de imprensa.

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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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