Pobres Criaturas | Você sabe quem é Bella Baxter?

Com 11 indicações ao Oscar, vencedor de 2 Globo de Ouro, o recente filme de Yorgos Lanthimos tem atraído muitas pessoas. Com um elenco estelar composto por Emma Stone, Williem Dafoe e Mark Ruffalo, Pobres Criaturas é o mais novo queridinho da comunidade cinéfila.

Apesar das camadas que a produção possui e das várias possíveis interpretações e leituras do público, no roteiro encontramos ecos da obra em que ele foi baseado. Bem como na existência de uma importante autora para essa história.

Mesmo a narração contando tudo sobre a vida da protagonista, Bella Baxter, podemos traçar, a partir disso, vários paralelos com a história de uma pessoa real: Mary Shelley.

Por isso, se você já assistiu Pobres Criaturas e quer saber em quem, de fato, a personagem principal foi baseada, continue neste artigo!

Atenção, a partir daqui teremos spoilers sobre o filme Pobres Criaturas

Onde tudo começou

Yorgos Lanthimos e Emma Stone nos bastidores da gravação de Pobres Criaturas. Yorgos ganhou o Leão de Ouro ano passado, já Emma faturou o Globo de Ouro e o Critics Choice Award.

O roteirista e diretor Yorgos Lanthimos tem apreço por histórias “bizarras”. Como resultado, basta olharmos para sua filmografia para tirarmos essa conclusão. Por exemplo, aqui no site já analisamos dois de seus filmes mais estranhos. São eles O Sacrifício do Cervo Sagrado e O Lagosta.

Nos dois filmes somos desafiados a abrir nossa mente e duvidar do que estamos vendo. Consequentemente, ao assistir uma dessas obras nossa mente pode vagar por um universo de possibilidades científicas e fantasiosas, ou até mesmo questionar a natureza das relações humanas e suas implicações.

Não distante disso, Pobres Criaturas também está situado nesse lugar. Com um roteiro baseado em um livro de mesmo nome (sem publicação no Brasil), escrito por Alasdair Gray, a história consegue despertar as mais variáveis sensações. Assim como na inevitabilidade das obras cinematográficas, cada um terá sua visão e interpretação desse filme.

Portanto, minhas conclusões não são as únicas e verdadeiras, você pode contribuir com este diálogo compartilhando suas impressões da obra!

Apesar disso, tracei vários paralelos possíveis na história de Frankenstein e na vida de sua autora, Mary Shelley. É claro e notório que o filme foi baseado nessa obra (assim como o livro).

A história de Frankenstein se mistura com a vida de sua autora. Pobres Criaturas procurou fazer o mesmo, mesclando a vida de Mary Shelley com sua maior obra literária. O resultado é um filme que conversa com vários públicos, já que tenta se localizar entre o mundo imaginário e o mundo real.

Os paralelos entre a inspiração e o filme

O filme sobre Mary Shelley até hoje divide opiniões entre a crítica e o público.

Mary Shelley escreveu Frankenstein ou o Prometeu Moderno como uma forma de sintetizar sua vida e mostrar sobre o que estava passando. Ao assistir o filme de 2017, podemos entender muito bem os pilares de seu romance mais famoso.

Em Mary Shelley, vemos os primeiros anos da vida da escritora. Sua vida com seu pai, suas viagens, seu romance arrebatador, suas decepções e a origem do manuscrito Frankenstein.

Enquanto isso, na história de terror gótico e ficção cientifica, um dedicado médico, Dr. Frankenstein, cria um ser que não sabe se comunicar e se locomover direito. Depois de fugir do laboratório de seu criador e ao observar uma família, o monstro aprende a ler e escrever.

Mas, como estava obcecado por seu criador, o monstro passa a persegui-o e a matar as pessoas ao seu redor. Tomado pela culpa e vergonha, por ter criado uma criatura terrível, o Dr. Frankenstein adoece e morre. O monstro então decide se exilar e acabar com sua própria vida.

Só por esse resumo já é possível perceber alguns ecos no filme Pobres Criaturas. Mas, para mim, as maiores correspondências estão na vida de Mary Shelley.

Mary Shelley e Bella Baxter

No filme, Bella Baxter entende como se comunicar, o que deve ser evitado, como o mundo funciona e como se sobressair; assim como Mary Shelley em sua vida.

Mary, ao escrever Frankenstein, tentou sublimar sua vida e seus acontecimentos mais recentes. Em Pobres Criaturas, vemos o contrário. O roteiro busca elementos no romance para indicar acontecimentos na vida da escritora.

Por exemplo, Mary perde seu primeiro bebê com meses de vida. Ali é como se ela tivesse perdido sua vontade de viver. Da mesma forma, Bella tira sua vida ao estar grávida.

Em Frankenstein, o médico cria o monstro. No filme, o monstro (Dr. Godwin, sobrenome de solteira de Mary) cria a médica, Bella.

Mary e Bella saem da casa de seus pais para conhecer o mundo. E as duas são seduzidas por um homem de espírito livre, mas de moral duvidosa. A governanta não gosta de Bella; na vida real, Mary não se dava bem com sua madastra.

E nas duas histórias, a sociedade cobrava polidez das mulheres; Bella não podia falar tudo o que pensava e Mary não podia ler (e escrever) histórias de terror.

Conclusão

Em conclusão, além dessas correspondências, outra coisa que me chamou atenção no filme foi o sexo. Para Bella, ele funcionou tanto como um meio para ele expressar seus sentimentos, tanto como um universo de novos sentimentos experimentados por ela.

Não só o filme de 2017 conta a história de Mary Shelley, mas foi com ele que me baseei para analisar Pobres Criaturas.

Quais outras alegorias você viu na obra? Qual foi a leitura que você teve do filme? Me fala nos comentários!

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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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