Para quem acha que apenas o cenário internacional possui bons cineastas, fico feliz ao informar que não! E mostraremos isso através de Glauber Rocha.
Esse cineasta baiano faz parte de um dos nomes que levaram o país ao cinema novo. Sua vida começou no Direito, mas, foi parar atrás das câmeras.
Desse modo, ao longo da vida dirigiu filmes e documentários que fizeram ele se tornar o maior cineasta brasileiro com reconhecimento internacional.
Foi através de seus filmes que expôs ao mundo a vida no sertão brasileiro. Abrindo então, um diálogo importante sobre assuntos socioeconômicos do país.
Ao longo deste artigo, iremos apresentar a vida, temas e principais filmes desse cineasta de grande prestígio.
Quem foi Glauber Rocha, cineasta brasileiro ?
Nascido em Vitória da Conquista na Bahia, Glauber Rocha veio ao mundo no dia 14 de março de 1939, e em casa mesmo iniciou seus estudos.
Seu nome, é uma homenagem feito por seus pais a Johann Rudolf Glauber, um cientista alemão que descobriu o sulfato de sódio durante o século 17.
Após alguns anos, ele passou a estudar em um colégio de padres. Mas, em 1947, mudou-se para Salvador com sua família.
Em 1958, foi responsável por uma coluna policial no Jornal da Bahia que acabava de ser formado. Foi então, no ano de 1959 que resolveu cursar a Faculdade de Direito da Bahia – hoje conhecida como Universidade Federal da Bahia.
No mesmo ano, teve seu primeiro contado com o mundo do cinema em um documentário chamado “O Pátio”. Já no ano seguinte, dirigiu também o documentário“Cruz na Praça”.
Apesar de não ter sido concluído devido a problemas com a sonorização, foi uma das obras que impulsionou seu desejo de continuar na carreira.
Desse modo, resolveu largar a faculdade no ano de 1961 para produzir o seu primeiro longa chamado “Barravento” que foi premiado em um festival na Tchecoslováquia.
O filme conta com músicas do famoso Canjiquinha e foi lançado também na França, posteriormente, no ano de 1969.
Mas, foi com o filme “Deus e o Diabo Na Terra do Sol” que passou a ser reconhecido internacionalmente. Pois, foi receber um prêmio no Festival de Cinema Livre.
Além disso, o filme também recebeu o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França.
O filme mostrava de forma nítida a realidade no sertão brasileiro, tema que foi visto em outros filmes dele.
Filmografia e temas das obras de Glauber Rocha
Em 1965, Rocha teve em “Amazonas, Amazonas” um curta-metragem, seu primeiro contato com o cinema em cores que chegava ao Brasil.
Mas, apesar de toda essa fama nem tudo era apenas sucesso, no mesmo ano ele foi preso por fazer parte de um protesto.
Uma vez que, o Brasil enfrentava os primeiros anos de Ditadura Militar. Devido aos seus pensamentos socialistas, era considerado “inimigo” do militarismo nacional.
Posteriormente, em 1967 produziu o filme “Terra em Transe” que lhe rendeu uma nova indicação ao Palma de Ouro, bem como, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” de 1969.
O primeiro recebeu a premiação Luís Buñuel no Festival de Cannes e conta a vida de um jornalista em meio a cenário políticos.
Sendo este o motivo pelo qual o Itamaraty foi contra sua indicação. Levando até mesmo a uma tentativa ineficaz de indicar outro filme: “Todas as Mulheres do Mundo” de Domingos de Oliveira.
Já na década de 70, Glauber Rocha viveu em exílio, o levando a produzir filmes em outros países:
- “Leão de Sete Cabeças” – no Quênia em 1970;
- “Cabeças Cortadas” – na Espanha em 1970.
Por fim, antes de morrer no Rio de Janeiro em 1981, ainda produziu no ano anterior, o filme “Idade da Terra” inspirado em um poema de Castro Alves.
Vale destacar então, que ao longo de sua carreia os temas abordados em seus filmes retratavam parte da cultura brasileira, ao falar de: ignorância, fome e miséria.
Principais filmes de Glauber Rocha
Esse diretor baiano produziu incríveis filmes de documentários a longas. Abaixo separei os 5 principais de sua carreira que podem ser vistos inclusive, através da plataforma YouTube!
Barravento (1962)
Esse filme foi produzido quando Rocha tinha apenas 23 anos, mostra a história de pescadores em conjunto com as religiões africanas. O personagem principal volta a sua aldeia na intenção de livrar o povo do domínio de crenças e religiões antigas.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
Unindo lendas populares da região Nordeste, o filme mostra histórias de Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos. Ao som das músicas de Sérgio Ricardo, vemos a atuação de Othon Bastos. Ele é o vaqueiro Manuel que se revolta com a exploração de um coronel chamado Moraes.
Terra em Transe (1967)
Um filme repleto de críticas a sindicalistas, empresários, políticos e líderes religiosos, este é um filme que permanece sempre atual. A trama se passa em um país fictício chamado Eldorado que se encontra em decadência. Devido a busca pelo poder de seus governantes oficiais e indiretos.
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
Nesse filme, novamente vemos temas populares do Nordeste, chegando a servir de influência para “Touro Indomável” de Martin Scorsese. O filme mostra sua história através do matador de cangaceiros Antônio das Mortes. Contratado por um coronel para matar um beato, mas, a trama sofre uma grande reviravolta digna de filmes.
A Idade da Terra (1980)
Assim sendo, o último filme desse grande cineasta, Glauber Rocha traz ao público quatro representações de Cristo – pecador, negro, guerreiro e conquistador português. A trama tem por objetivo mostrar o cenário político e cultural do Brasil no final da década de 70.
Créditos Finais
Portanto, vimos neste artigo quem foi Glauber Rocha, um consagrado cineasta internacional que completaria esse ano (2019), 80 anos de idade.
Desse modo, ao longo de sua carreira, suas tramas se voltavam a importantes assuntos nacionais. Indo desde questões socioeconômicas na região do sertão aos cenários políticos que assolaram o Brasil entre as décadas de 60 e 70 – um cenário marcado pela Ditadura Militar.
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