A Importância de se Perguntar “What If…?”

A nova série do Universo Cinematográfico da Marvel é um tanto inesperada e talvez não esteja fazendo o barulho desejado pelo estúdio.

Isso não é necessariamente ruim, afinal, a proposta é muito menos apelativa do que os blockbusters repletos de astros de Hollywood que chegam anualmente – às vezes três vezes no ano – aos cinemas.

What If…? é uma série de animação que expande o multiverso Marvel e conta histórias de personagens conhecidos do público em outras linhas temporais.

Traduzida para o português fica algo como “E Se…?” ou “O Que Aconteceria Se…?” e traz mundos onde a Agente Carter tomou o soro do super soldado e virou a Capitã ao invés de Steve Rogers ou um cenário pós-apocalíptico onde a maioria dos Vingadores virassem zumbis.

É um prato cheio para diretores e roteiristas, afinal, tudo é possível e há espaço para explorar personagens conhecidos além do cânone oficial. É uma grande brincadeira onde a imaginação pode voar e o impensável é o esperado.

Cada episódio é uma viagem emocionante e cheia de homenagens aos filmes originais!

Mas muito além da animação, vale a pena refletir sobre o conceito proposto. “E Se…?” é uma pergunta que pode nos deixar divagando por horas sobre nossa própria vida.

E se você tivesse virado à direita ao invés da esquerda naquela esquina? E se você nunca tivesse se mudado daquele bairro? E se aquela pessoa querida que se foi nunca tivesse partido? E se você não tivesse parado com aquilo que te fazia mal? E se tudo que você conhece hoje deixasse de existir por uma decisão do passado?

A ideia de dar vida a hipóteses numa animação é basicamente assistir aos nossos pensamentos antes do sono chegar. Digo, quem nunca ficou considerando aquele monte de “e se…?” antes de dormir, né?

Há teoria muito interessante chamada de Navalha de Occam que propõe o seguinte: Nenhuma visão é totalmente confiável, pois tiramos conclusões desde a primeira impressão, mas vamos mudando de ideia conforme novas evidências vão aparecendo.

Correndo o risco de cair em blasfêmia usando um exemplo da DC Comics num texto sobre uma série da Marvel, a Navalha de Occam é o clássico caso dos personagens que olham para o céu e acreditam ter visto um pássaro, então olham de novo e acham que é um avião, para só então, quando estão bem mais próximos, perceberem que é o Superman.

Damos vida às hipóteses quando acreditamos ter visto algo, mesmo que tenhamos muito pouco para comprovar. Criamos diversos cenários em nossas mentes conforme consideramos uma impressão que tivemos. Isso vale para qualquer situação. Medos e inseguranças, esperanças e expectativas, ilusão e desilusão.

Somos seres instintivos do psicológico ao físico. E precisamos compreender e aprender a lidar com esses instintos para não nos machucarmos ou disseminarmos ideias que não correspondem à realidade. Mas é inevitável vê-las acontecendo em nossa mente, mesmo que momentaneamente.

E tal como um zumbi, essas ideias podem ficar perambulando sem rumo pela nossa mente

E se eu recebesse a pizza pela qual paguei caro porque estou cheio de fome e ao invés de levá-la até a cozinha, eu a jogasse pela janela? E se eu me vestisse com a minha fantasia do carnaval e saísse por aí tentando impedir assaltos? E se a maioria do país acreditasse em dados e ciência ao invés de um lunático genocida? E se a DC tivesse planejado com cuidado e atenção seu universo cinematográfico?

Pois é, são questões pertinentes em algum lugar do multiverso, pois só de serem pensadas, já existem. E assistir a What If…? da Marvel Studios é se permitir essa brincadeira com um fundo de filosofia questionadora.

Vale o play e vale as hipóteses que você vai considerar ao final de cada episódio. Vale também buscar a compreensão do que é real, do que vivemos e como podemos criar situações melhores e mais otimistas para o nosso futuro.

Boa viagem!

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Tico Menezes

Professor, escritor, roteirista e mochileiro de páginas de livros e HQs. Dentre os ares que respira, cinema é um dos mais saudáveis.

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