O que faz um filme ser ruim? É o que vamos analisar a partir da proposta que o filme O Círculo trouxe.
Apesar de existir várias camadas em um filme e possuir vários departamentos em uma produção, desde as áreas mais criativas até as mais técnicas, tudo começa no roteiro.
Você já ouviu a frase “é possível fazer um filme ruim de um roteiro bom, mas impossível fazer um filme bom de um roteiro ruim”? Se não, no artigo de hoje vamos conversar porque o filme O Círculo, estrelado por Emma Watson, com Tom Hanks e John Boyega, não conseguiu ser salvo mesmo com um bom time no elenco.
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Importante dizer que teremos spoilers do filme.
A fonte do problema
Tudo começa no roteiro. É no roteiro que todos departamentos vão consultar para conseguir realizar seus trabalhos.
Claro que também há muito da visão artística do diretor na obra, mas é no roteiro que tudo se encontra.
Uma estrutura comum presente nos roteiros é a construção em três atos.
No primeiro ato de um filme somos apresentados aos personagens chave da história. É nesse ato que eles começam seu desenvolvimento e somos apresentados ao ambiente em que eles vivem, ao mundo comum dos personagens.
A mudança para o segundo ato acontece no chamado para a aventura, ou seja, o personagem principal verá sua vida transformada a partir de uma fato na história.
Ocorre então a saída do mundo comum e somos levados a outro lugar, que pode ser físico ou metafisico, isso depende do longa.
É no segundo ato que começa a aventura. Podemos ser apresentados a outros personagens que estarão junto com o protagonista a partir daqui.
Aqui todas as cenas levam o filme para frente, levam a história até o clímax. O segundo ato, o maior em um filme, serve também para amarrar elementos que foram apresentados no primeiro ato ou transformá-los completamente dependendo da jornada do personagem principal.
No terceiro e último ato acontece o clímax. O clímax de um filme é o ápice da história, toda a narrativa levou o personagem principal para aquele momento.
É neste ato também que vemos a conclusão após o clímax da história.
E é aí que percebemos que o filme O Círculo, dirigido por James Ponsoldt que também colaborou no roteiro, não respeita a maioria desta estrutura.
O longa é uma adaptação do livro de Dave Eggers.
As inconsistências do roteiro
O roteiro não apresenta quem é Mae Holland. Não sabemos sua história, mal conhecemos sua família, seus amigos, suas motivações, seus sonhos e suas frustrações.
Por isso que quando ela consegue uma entrevista na empresa chamada o Círculo, não nos empolgamos e a sua reação parece falsa.
No segundo ato, por exemplo, toda a discussão sobre os gentílicos de uma nação serem obrigados a se cadastrarem no Círculo para suas obrigações eleitorais não leva a nada.
Aliás, várias coisas do filme não levam a nada.
Por que Ty confiou instintivamente em Mae, assim, do nada, e contou para ela os segredos da empresa?
Ou então, por que somos levados aquela cena em que uma política decide abrir toda sua vida parlamentar para o acesso digital sendo que isso não se desdobra numa trama de corrupção ou conspiração?
Nada faz sentido nesse filme. Inclusive seu clímax.
O amigo de Mae, Mercer (Ellar Coltrane), morre e a única coisa que sabemos deles, além dos péssimos diálogos no decorrer do filme, é apenas uma foto dos dois juntos.
Créditos Finais
O Círculo é um bom exemplo de como não se deve escrever um roteiro.
Recheado de ideias ele não dá conta de contar sobre todas as tramas que o filme pode gerar.
Ao invés de se concentrar em apenas uma trama, ele tenta, pretensiosamente, se mostrar como um filme necessário.
Bom, e até que foi no fim das contas.
Assista o vídeo que fizemos sobre este tema.