Lúcia Murat é uma cineasta brasileira e ex-integrante da luta armada contra a ditadura militar no Brasil.
Murat possui uma carreira cinematográfica repleta de obras que retratam fielmente a cruel ditadura brasileira, assim como a repressão e tortura militar.
Por ela mesma ter sido presa e torturada, a experiência exerceu forte influência sobre as suas obras marcantes.
Assim sendo, caso tenha ficado curioso para conhecer um pouco mais sobre essa diretora e quais são os seus filmes, continue lendo!
Conheça mais sobre a vida de Lúcia Murat
Lúcia Maria Murat de Vasconcelos nasceu no dia 24 de outubro, de 1949 no Rio de Janeiro, filha de um médico que possui ligações com a esquerda política.
Por volta de 1967, ela entrou para a faculdade para estudar economia, onde acabou participando do movimento estudantil e se tornando uma militante.
Logo no início de sua trajetória, Murat não teve uma vida fácil. Na verdade, a cineasta passou por momentos extremamente difíceis.
Tais acontecimentos foram os responsáveis por fazer com que Lucia começasse a dirigir os seus filmes, como uma forma de contar a sua história e a triste realidade do Brasil.
No entanto, no ano seguinte, Murat tem sua primeira prisão por compor o Congresso da União Nacional dos Estudantes.
Após o Ato Institucional nº 5 (AI-5) ser promulgado, em dezembro de 1968, Murat decidiu agir de forma clandestina e partir para a guerrilha, integrando o MR-8.
Porém, novamente foi presa, dessa vez pela repressão do regime, em meados de 1971. Murat passou cerca de três anos presa na Vila Militar e no Presídio Talavera Bruce, localizado no RJ.
Além disso, durante o tempo em que esteve presa, Murat passou por cruéis torturas no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna.
Em 1974, finalmente saiu da prisão, sendo processada pelo Estado devido as suas ações como militante até conseguir sua anistia em 1979. Murat começou a escrever para o Jornal do Brasil e algumas revistas, como a Opinião e Movimento.
O início de sua carreira como cineasta
Assim sendo, no início de 1980, Lucia Murat decidiu atuar na direção de documentários para a Rede Bandeirantes e a TV Educativa.
Porém, somente em 1984 que dirige o seu primeiro documentário O Pequeno Exército Louco , tendo como tema a da guerra civil na Nicarágua.
Ao fim dessa década, dirige então Que Bom Te Ver Viva, o seu primeiro longa-metragem que retrata toda a tortura vivida durante a ditadura militar no Brasil, uma espécie de compêndio com todos os relatos e lembranças do tempo que esteve presa.
No início da década de 1990, Murat dirigiu uma série de documentários para a TV Manchete, retratando a dura realidade e problemas do Brasil.
Todavia, quando a Embrafilme teve um fim, Murat passou a dedicar-se a direção de filmes de cinema, incluindo Quase Dois Irmãos e Uma Longa Viagem, que lhe renderam uma série de prêmios e reconhecimento internacional.
Lúcia Murat e as suas obras que retratam a realidade do Brasil
De fato, se analisar um pouco mais de perto a filmografia de Lúcia Murat, verá que a maioria de suas obras retrata temas autobiográficos, relacionados à sua vida, além de apresentar também alguns fatos da história brasileira.
É possível notar em seus filmes temas políticos e com base em suas memórias e experiências, através do seu ponto de vista.
O filme Que Bom Te Ver Viva é um exemplo que reúne depoimentos de outras mulheres que também foram presas e torturadas. Toda a experiência traumática da ditadura e as cicatrizes que foram deixadas no passado.
Sem dúvida, os filmes de Murat não só revelam as suas experiências, mas também denunciam a crueldade do Brasil durante essa época.
Mas, além disso, a cineasta também retrata temas como racismo, assim como pode ser visto em Praça Paris.
Assim sendo, confira a seguir quais são os principais trabalhos de sua carreira!
Maré, Nossa História de Amor (2007)
Quando a filha de um dos chefes de drogas da Favela da Maré acaba se apaixonando pelo irmão do chefe de uma gangue rival, a dança se torna a única esperança para que eles fiquem juntos.
Praça Paris (2017)
Camila é uma terapeuta portuguesa que atende Glória. No entanto, ao longo das sessões, Camila acaba descobrindo que Glória foi violentada por seu pai quando ainda era criança, e o seu irmão é um bandido perigoso que está preso. Camila fica cada vez mais assustada com os relatos de Glória, e acaba temendo por sua própria segurança.
Quase Dois Irmãos (2004)
Dois amigos de infância que pertencem a classes sociais diferentes (um é político e o outro se tornou um traficante), se encontram na prisão após uma tentativa de união com o objetivo de criar um projeto social em uma favela.
Brava Gente Brasileira (2000)
Diogo é um cartógrafo português, enviado pela coroa ao Brasil para fazer um levantamento topográfico da região. Desse modo, um grupo de soldados acompanha Diogo, porém, no caminho eles acabam se deparando com um grupo de mulheres índias que estão se banhando em um rio.
A Memória que me Contam (2012)
Ana é uma ex-guerrilheira e o último elo de seu grupo de amigos que resistiram durante a ditadura militar no Brasil. No entanto, com a morte de uma amiga, eles acabam se reencontrando na sala de espera do hospital.
Créditos Finais
Sem dúvida, Lúcia Murat não teve uma vida muito fácil. Na realidade, a cineasta passou por situações terríveis, sendo presa e torturada.
Suas experiências fizeram com que Lúcia buscasse por algum meio para que pudesse relatar a sua experiência e a de outras mulheres.
Dessa forma, a cineasta começou a contar as suas histórias por meio de filmes e documentários, sempre buscando retratar a cruel realidade brasileira a qual foi submetida.
Assim sendo, você já conhecia essa cineasta? Já assistiu algum filme? Deixe um comentário contando a sua opinião!
