Muito além dos debates que buscam esmiuçar a proposta de um Reality Show como estudo antropológico, está o debate sobre o direito do espectador de escolher o que vai assistir.
Se achar melhor por assistir ou não assistir um programa de televisão é uma besteira sem tamanho, pois julga as pessoas sem buscar conhecer suas razões para fazê-lo.
Mas e quando o espectador só quer desligar a cabeça e se alienar por alguns momentos para falar de vidas e problemas que não são seus? É aí que tá a parada.
Você pode. Você é livre para escolher o que vai assistir e os seus porquês são seus. Ponto.
Em tempos de BBB – já vale gritar “Fora Karol Conká” aqui? – vou evitar o textão sobre o que tá acontecendo na casa, trazendo uma lista de 5 filmes interessantes que abordam o tema Reality Show.
Bora lá, meus olheiros?
Jogos Vorazes (2012)
OK, talvez eu já tenha fugido das regras que estipulei no parágrafo acima. Mas Jogos Vorazes é uma saga tão marcante e influente em sua geração que merece a indicação de todos os seus filmes.
A história de Katniss Everdeen é uma crítica aberta à política do pão e circo, à alienação dos mais ricos, às fake news, ao controle do governo sobre a vida dos mais pobres e sobre os efeitos psicológicos dos reality shows nos participantes.
Muito além de uma saga adolescente, Jogos Vorazes é, talvez, a forma mais didática de iniciar uma conversa sobre política e sociedade com adolescentes.
1984 (1984)
A obra máxima do escritor George Orwell – há controvérsias, porque esse cara escreveu MUITOS livros bons – é, também, a inspiração para o nome do reality show de maior sucesso da televisão brasileira.
O Grande Irmão (Big Brother) é o nome dado à vigilância de um governo totalitário ao seu povo. Vigilância esta, que mina o direito de ir e vir, dita quais são os bons costumes, denuncia qualquer pensamento contrário e/ou libertário e leva à morte quem não aceita ser controlado.
Protagonizado pelo magnífico John Hurt, é uma obra que transcende a mídia na qual se apresenta.
Os Condenados (2007)
Estrelado pelo astro do WWE, Steve Austin, Os Condenados é um filme do gênero brucutu, que consiste basicamente em porradaria e violência extrema com personagens unidimensionais.
Pois qual não é a surpresa de quem assite quando, ao dar play no filme, encontra uma crítica social aos espectadores que pautam suas opiniões em cima de opiniões de participantes de realities e ao controle de narrativa e às distorções de fatos feitos por corporações midiáticas.
Mas sim, tem muita porradaria e violência. Acho que todos ganham assistindo a esse aqui, certo?
Nerve: Um Jogo Sem Regras (2016)
Se vendeu pelos rostos bonitos de Dave Franco e Emma Roberts, mas se fez entender nos primeiros 30 minutos de projeção, surpreendendo os espectadores mais céticos.
Nerve é um jogo de apostas on-line no qual os “cavalos de corrida” são pessoas reais fazendo desafios que beiram o absurdo por dinheiro. A trama simples, mas bem executada, traz uma reflexão necessária sobre o impacto da pressão social em pessoas introvertidas.
Ponto para o marketing do filme, que atraiu o público com o irrelevante e entregou um produto de muita relevância.
O Show de Truman: O Show da Vida (1998)
Clássico contemporâneo que comprova o talento de Jim Carrey para o drama, o longa é quase obrigatório nos cursos de Comunicação Social.
Usa de elementos lúdicos para contar a história de um homem que vive dentro de um reality show, mas acredita que aquela é a vida real. Uma reflexão existencialista que convida o espectador a repensar o que é considerado entretenimento e o que viola os direitos das pessoas.
Créditos Finais
Como o cinema, a televisão também precisa se renovar, abordar assuntos necessários, assuntos nos trending topics ou recontar a História de forma que atinja o público pagante atual.
O BBB que assistimos hoje não é o mesmo que vimos nos primórdios do programa, se atualizou e comove as pessoas o suficiente para gerar debates que têm o poder de cegar para opiniões contrárias ou ajudar na apresentação de temas relevantes para a sociedade contemporânea.
Há espaço e programação para todos, assim como há os mais diversos filmes buscando sua atenção em todo lugar. A questão – que não tem resposta certa ou errada – é: Por qual razão você quer assistir?