Você já ouviu falar sobre Sarah Maldoror? Ela foi uma grande poeta e cineasta francesa do movimento da negritude.
Maldoror foi a pioneira do cinema africano, militante anticoloniasta e a responsável por obras marcantes e importantes para o movimento.
Além disso, também é uma das primeiras mulheres a dirigir um longa-metragem em um país africano.
A cineasta é conhecida por sua força em defender tudo aquilo que acreditava.
Portanto, para conhecer mais sobre a vida, carreira e as obras mais marcantes dessa cineasta, continue lendo!
A vida e carreira de Sarah Maldoror
A sua mãe era do sul da França e o pai era da Guadalupe, na ilha caribenha, então, em 19 de julho de 1929 nasceu Sarah Ducados em Condom, França.
Todavia, há algumas controvérsias sobre o local de nascença da cineasta. Alguns estudiosos apontam que ela teria nascido em Guadalupe.
Enquanto outros já apontam que o seu local de nascença foi em Gers, que fica ao sul da França.
Quando adulta, se deu o nome artístico de Sarah Maldoror, uma homenagem ao poeta franco-uruguaio Lautréamont, autor de Os Cantos de Maldoror.
Desde muito jovem, Sarah estava decidida a seguir carreira no meio artístico.
Assim sendo, em meados de 1956, Sarah já estava dedicada ao teatro, onde acabou se tornando uma cofundadora do teatro Les Griots.
Essa foi a primeira companhia de teatro de atores africanos e caribenhos em Paris, com o objetivo de lutar contra os “papéis de serva” que sobravam para eles.
Já em 1961, Maldoror conseguiu ganhar uma bolsa para estudar cinema no Stuido Gorki, que fica em Moscovo, Rússia.
Lá foi onde conheceu o senegalês Ousmane Sembène, que alguns anos mais tarde se popularizaria como o pai do cinema africano.
Após concluir os seus estudos, por volta de 1966, Maldoror passou a dedicar-se ao cinema e trabalhou no filme de Gillo Pontecorvo, A Batalha de Argel, que recebeu o Leão de Ouro no mesmo ano.
Além disso, também trabalhou como assistente do diretor argelino, Ahmed Lallem.
A cineasta realizou o seu primeiro curta metragem em 1969, Monangambé, filmado na Argélia em apenas três semanas e com atores amadores.
Todavia, o filme foi escolhido para a Quinzena do Diretor em Cannes em 1971, representando a Angola, e para a primeira edição do Fórum do Festival de Berlim.
A pioneira do movimento da negritude
O seu primeiro longa-metragem, julga-se perdido, pois, a cineasta foi expulsa de Guiné-Bissau, onde o filme estava sendo gravado e os materiais também foram confiscados.
Já em 1972, Maldoror lançou o sua segunda obra com a ajuda do marido Mário Pinto de Andrade.
O filme Sambizanga é um clássico inspirado em uma novela de Luandino, A Vida Verdadeira de Domingos Xavier que retrata a guerra pela independência da Angola.
Após esses trabalhos, Maldoror tornou-se uma das primeiras mulheres a dirigir filmes na África.
A cineasta acreditava e mostrava a todos através de suas obras que não existe uma única forma de fazer cinema.
Mas, sim, uma variedade de filmes, narrações e estilos que podem ser feitos.
Já em Paris, a cineasta dedicou a sua carreira a fazer documentários sobre artistas, incluindo, o poeta Aimé Césaire e a cantora haitiana Toto Bissainthe.
Por volta de 2009, realizou o último filme de sua carreira, sobre a pintora colombiana Ana Hoyos.
Sarah Maldoror faleceu no dia 13 de Abril de 2020 aos 91 anos de idade, em virtude de algumas complicações causadas pelo vírus COVID-19.
A cineasta deixou como legado um total de mais de 40 filmes, entre curtas e longas.
O movimento da negritude no cinema
Pode-se dizer que Sarah Maldoror dedicou a sua carreira como cineasta como uma forma de ajudar a lutar contra as intolerâncias e preconceitos raciais.
Assim sendo, é possível perceber em suas obras, como a cineasta ressalta a importância em relação à solidariedade com os oprimidos.
Além disso, Maldoror também gostava de retratar a repressão política e a cultura como um meio para a sociedade progredir.
Portanto, não é surpresa que Maldoror seja a pioneira do movimento da negritude.
Até hoje a cineasta é uma das maiores referências sobre esse movimento.
Principais obras de Sarah Maldoror
Assim sendo, confira a seguir quais são as principais obras da carreira da cineasta!
Sambizanga (1972)
O filme se passa na Angola em 1961, quando Domingos Xavier – um ativista revolucionário – é preso pela polícia secreta de Portugal.
Assim sendo, Xavier é levado para um interrogatório e submetido à uma sessão de torturas até falar os nomes de seus contatos.
Maria, esposa de Xavier, realiza uma busca por seu marido em cada prisão sem saber o que aconteceu.
Monangambé (1968)
O filme denúncia as violências cometidas por comerciantes portugueses de escravos na Angola.
Ana Mercedes Hoyos (2009)
O último filme de Maldoror foi um documentário sobre a artista colombiana, Ana Mercedes Hoyos.
Como pano de fundo, a cineasta também retrata questões da escravidão e as culturas afro-caribenhas.
Un Masque à Paris: Louis Aragon (1978)
Nesse outro documentário, a diretora entrevista um dos poetas mais influentes do antigo surrealismo.
Fogo, îl de feu (1979)
Esse é um documentário sobre Cabo Verde e a Ilha do Fogo produzido pelo governo revolucionário do novo país.
A cineasta retrata as dificuldades nesta ilha e as suas condições adversas.
Créditos Finais
Sem dúvida, Sarah Maldoror é uma das principais cineastas do movimento da negritude.
As suas obras ainda não são muito populares aqui no Brasil.
No entanto, na África e outras partes do mundo, a cineasta possui uma forte influência.
Apesar da diretora ter nos deixado, ela também deixou para trás como legado os registros que foram de grande importância para esse movimento.
Assim sendo, para quem ainda não viu algum trabalho dessa cineasta, vale a pena conferir para conhecer um pouco mais sobre as suas lutas.
E quanto à você, Já assistiu algum filme de Maldoror? Então, deixe um comentário compartilhando a sua opinião!