Robert Bresson | Cinema francês ascético e minimalista

Robert Bresson foi um diretor francês aclamado pela crítica, mas não tão amado pelo público.

Bresson tornou-se amplamente conhecido devido à forma como abordava os seus filmes, de uma maneira completamente ascética.

Desse modo, os seus trabalhos passaram a serem considerados como um bom exemplo de filmes minimalistas, e Bresson tornou-se um dos cineastas franceses mais notáveis e influentes para o cinema.

Inclusive, algumas de suas obras cinematográficas estão presentes em diversas listas de melhores filmes já feitos.

Portanto, caso queira conhecer um pouco mais sobre o diretor, e quais são as obras mais notáveis de sua carreira, continue lendo esse conteúdo!

A vida e carreira de Robert Bresson

O cineasta Robert Bresson

Robert Bresson nasceu no dia 25 de Setembro de 1901, em Bromont-Lamothe, na França.

A princípio, Bresson planejava seguir uma carreira como pintor. Inclusive, estudou e graduou-se em artes plásticas e filosofia.

No entanto, o cinema acabou por atrair o interesse do francês, que acabou decidindo seguir carreira nessa área.

Em meados de 1934, Bresson conseguiu o seu primeiro trabalho, o média metragem, “Affaires publiques”.

Todavia, quando a Segunda Guerra Mundial ainda estava no início, o diretor havia sido enviado cono um prisioneiro de guerra para um campo de concentração alemão, no qual permaneceu preso durante mais de um ano.

Porém, é praticamente impossível sair ileso de uma guerra, e tal ocorrido tornou-se responsável por expandir a sua visão espiritual, que demonstra estar fortemente presente em seus filmes.

Alguns anos depois, por volta de 1943, Bresson produziu o seu primeiro longa-metragem, Anjos do Pecado.

Logo em seguida, realizou uma adaptação da obra “Jacques le fataliste”, de Denis Diderot, que, consequentemente, acabou tornando-se uma inspiração para o seu filme As Damas do Bois de Boulogne, de 1945.

Entretanto, foi somente em 1950, com Diário de um Pároco de Aldeia, que surge finalmente o estilo ascético e minimalista tão presente no cinema bressoniano e que acabou influenciando as obras posteriores do diretor, caracterizando esse como o seu estilo unicamente pessoal e inconfundível.

Cinema francês ascético e minimalista

Claude Laydu em Diário de um Pároco de Aldeia (1951)

Bresson costumava considerar o cinema como uma espécie de faz de conta do teatro.

Desse modo, ao assistirmos algum filme do diretor, não é incomum a impressão de fazermos parte de sua obra.

Além disso, diferentemente da grande maioria dos filmes, os de Bresson não possuía qualquer música, exceto ruídos.

Bresson também tornou-se conhecido por ser exigente e perfeccionista. O diretor não media  esforços em rodar uma cena quantas vezes fossem necessárias até ficar do modo como queria.

Adepto do jansenismo do século 17, Bresson passou a ser conhecido como o jansenista francês.

Essa espécie de fundamentalismo cinematográfico que possuía, totalmente desprovido de efeitos ou enfeites, não o tornou um dos diretores mais populares de sua época, no entanto, certamente tornou as suas obras grandemente prestigiadas.

No ano de 1975, o diretor publicou uma coletânea de anotações de própria autoria, onde explica o seu ponto de vista sobre o cinema, “Notes sur le cinématographe”.

O livro do diretor tornou-se de grande importância para o cinema. Inclusive, serviu como fonte de inspiração para o movimento Dogma 95, dos diretores dinamarqueses, Lars Von Trier e Thomas Vintenberg. Posteriormente, outro cineasta que acabou sendo influenciado, foi o russo Andrei Tarkovsky.

Pelo conjunto de sua obra cinematográfica, em meados de 1995, Robert Bresson ganhou o prêmio René Clair, da Academia Francesa.

O cineasta faleceu no dia 18 de Dezembro de 1999, aos 98 anos de idade, por causas naturais.

Robert Bresson e os seus principais temas

Charles Le Clainche e François Leterrier em Um Condenado à Morte Escapou (1956)

Pode-se dizer que três fatores presentes na vida do cineasta, exercerem forte influência sobre as suas obras: o seu catolicismo que se tornou jansenismo, os seus anos de estudo como pintor e filósofo e a sua experiência como prisioneiros de guerra.

O diretor costumava abordar temas relacionados à solidão de seus personagens, o ensejo pela morte, o sentimento de culpa que os corrói, problemas em manter uma comunicação, espiritualismo e o poder do destino agindo.

Mesmo utilizando atores não profissionais, Bresson conseguia que os seus modelos transmitissem emoções e sentimentos através de personagens muito bem construídos e realistas.

Sem dúvida, o maior marco do cineasta francês, é o método ascético e minimalista com o qual costumava dirigir os seus filmes, tornando-os mais próximos da nossa realidade, completamente isento de adornos. Como ele mesmo costumava a referir-se a respeito de suas obras.

Principais Filmes

  • A Grande Testemunha (1966): Um retrato sobre a vida de um burro de carga chamado Balthazar. A existência do animal é triste e rigorosa, passando de dono em dono e, geralmente, sendo maltratado. Desse modo, o burro passa a conhecer as facetas dos seres humanos, tanto o lado bom quanto o ruim. A vida do burro é comparada com a da jovem Marie, que acaba se envolvendo com um homem terrível , que a rejeita. Ao final de sua vida, Balthazar passa a viver sob os cuidados de um gentil senhor, que o considera como a reencarnação de um santo.
  • Diário de um Padre de Aldeia (1951): Quando um jovem padre chega até uma pequena aldeia no norte da França, para assumir a paróquia, ele é recebido com hostilidade pelos habitantes locais. O padre, enquanto tenta conquistar os paroquianos, acaba sendo acometido por uma doença grave e precisa enfrentar todos esses problemas e ao mesmo tempo, manter a sua fé.
  • Um Condenado à Morte Escapou (1956): Fontaine é um ativista da resistência francesa que acabou sendo preso pelos nazistas e condenado à morte. Enquanto isso, Fontaine tenta arquitetar um plano de fuga, até que acaba recebendo um companheiro de cela, que pode ser tanto um espião quanto um possível aliado.
  • O Batedor de Carteiras (1959): Martin é um jovem que começa a roubar carteiras devido à sua necessidade, no entanto, a prática logo se torna um prazer e evolui para uma espécie de vício. Enquanto está preso, Martin começa a refletir sobre o assunto, e pensa também em sua família e na namorada. No entanto, após estar em liberdade, o jovem volta a praticar a sua obsessão, dessa vez, ainda mais habilidoso do que antes.
  • O Dinheiro (1982): Uma nota falsa de 500 francos vai circulando através de várias pessoas, até chegar nas mãos de Yvon, um jovem trabalhador e inocente. O dinheiro acaba trazendo diversas consequências para a vida de Yvon que, por sua vez, acaba sendo demitido e preso.

Créditos Finais

Certamente, embora não fosse tão popular, as obras cinematográficas de Bresson o tornaram um dos cineastas mais influentes e respeitados, desde a sua época até os dias atuais.

Sem dúvida, o diretor francês é considerado como o mestre do minimalismo e o seu estilo é inconfundível e único.

Você já conhecia algumas dessas obras do diretor? Se sim, qual é a sua preferida? Deixe um comentário contando a sua opinião a respeito!

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