Por que Matrix é diferente? (Filosofia e Revolução no Cinema)

Por que todo mundo fica empolgado quando o assunto é Matrix? Afinal, qual a filosofia dos filmes e por que ele é falado até hoje?

Lançado em 1999, Matrix marcou a cultura pop na virada do século.

No filme acompanhamos a história do senhor Anderson. De dia ele trabalha numa empresa de software, e de noite ele é um hacker conhecido como Neo.

Em sua busca ele tenta achar a resposta para a pergunta: o que é a Matrix?

Criado pelas irmãs Wachowski, a trilogia Matrix é uma grande mistura de várias referências. As próprias irmãs já revelaram isso em entrevistas.

Existe uma forte influência da cultura oriental, principalmente sobre as artes marciais. Mas também vindas de grandes obras como por exemplo Akira (1988) e Ghost in the Shell (1995).

(Importante dizer que a partir daqui o texto terá alguns detalhes sobre a trilogia Matrix)

Por exemplo, outro detalhe da cultura oriental são os pontos de chacra, que são justamente por onde os humanos são conectados à Matrix.

Já outras caraterísticas vem do subgênero do cyberpunk. Depois que Neo sai da Matrix, ele se depara com um futuro distópico onde a tecnologia foi a causa da extinção da sociedade humana.

Além disso, o controle passa a ser por quem tem mais poder tecnológico, nesse caso as máquinas.

E para marcar esse ponto no tempo, a trilha musical traz músicas do gênero techno.

Não só de referências Matrix é feito, ele também influenciou o cinema. O exemplo mais comum é o bullet time.

Mas o que de fato faz com que todos que assistem comentem sobre o filme é a filosofia por trás de Matrix.

Inclusive, avanços atuais da física podem ajudar nos conceitos apresentados na trilogia.

Os nomes dos personagens

Os personagens em Matrix representam conceitos importantes para a história.

Começando por toda representação presente nos filmes, principalmente através dos nomes.

Neo, que é o protagonista, significa “novo”, ou seja, a novidade que vai mudar os desfechos conhecidos até ali da guerra entre máquinas e homens.

Tem também Morpheus, que mostra para Neo a vida real e oferece o despertar; na mitologia grega é o nome do deus do sono.

A nave Nabucodonosor é uma referência ao rei do império babilônico retratado na bíblia; ele foi poderoso, próspero e construiu os jardins suspensos da Babilônia.

Ainda na mitologia judaico-cristã, Zion, a última cidade dos homens na Terra, significa “terra prometida” ou “a nova Jerusalém”.

Matrix e o Mito da Caverna

O principal ponto filosófico de Matrix é o Mito da Caverna.

Em primeiro lugar, nesse conceito, um grupo de pessoas está presa numa caverna e de costas para a entrada. Na entrada existe uma fogueira que projeta sobre o fundo da caverna sombras. As pessoas presas ali pensam que a realidade são aquelas sombras e se contentam com aquilo.

Quando um dia, um preso é libertado e ele conhece o mundo exterior, ele volta para a caverna para falar com os outros sobre sua descoberta.

Mas os que ainda estão na caverna negam seu testemunho e se recusam a se libertar para ver a verdade.

A filosofia por trás de Matrix

Existem pistas nos filmes que revelam as referências que as diretoras usaram para a construção do universo.

Outro conceito filosófico está no trabalho de Jean Baudrillard.

No início de Matrix, Neo abre um livro falso onde guarda alguns disquetes, este livro existe de verdade e foi escrito por Baudrillard.

Resumindo seu trabalho, Baudrillard argumenta que a sociedade humana criou símbolos para representar o real e que esses símbolos nos afastam da realidade.

Um exemplo é a fotografia que nos afasta da verdade retratada ali, ou do dinheiro que nos faz perder, muitas vezes, o verdadeiro valor das coisas.

Isso não quer dizer que a fotografia ou o dinheiro é uma coisa ruim, são só pensamentos do que eles podem significar.

Mas o conceito onde Matrix se sustenta está no trabalho de Hilary Putnam, quando o filósofo escreveu sobre o cérebro numa cuba.

O cérebro numa cuba é um experimento mental onde Hilary Putnam descreveu que se um cérebro estivesse num local confinado, onde suportaria seu funcionamento biológico, e estivesse ligado a um supercomputador que simularia respostas neurológicas, como ele saberia que tudo aquilo é real?

Um exemplo, imagine que o cérebro pedisse para levantar uma mão, o supercomputador entenderia esse comando e responderia com um impulso elétrico a sensação de uma mão levantada.

Portanto, todos os estímulos e respostas para os cinco sentidos viriam desse supercomputador.

Essa ideia que Putnam formulou há décadas atrás vai ao encontro de Matrix, já que a realidade simulada significa o controle das máquinas sobre o homem.

Ainda mais se pensarmos sobre a origem da palavra Matrix, segundo o dicionário etimológico, a palavra vem do latim e significa útero.

A realidade simulada de Matrix

Da mesma forma que estamos falando de simulação, físicos de todo mundo tem estudado um conceito bastante abstrato e difícil de entender que é o princípio da holografia.

Segundo essa ideia, para simular um universo em três dimensões, que é a forma que nós percebemos o mundo: largura, cumprimento e profundidade; bastaria um universo em duas dimensões. Isto está atrelado à geometria do universo e de como é sua forma.

Créditos Finais

Com o anúncio de Matrix Resurrections, o quarto filme da franquia, muitas teorias surgiram na internet.

Será que veremos um novo conceito nesse filme? Ou teremos respostas que faltaram na trilogia original?

Quero saber de você: o que mais te chamou atenção em Matrix e em como as ideias dos filmes impactou sua via. Deixe nos comentários!


Assista também o vídeo que fizemos sobre os filmes:

FONTES:

DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO. Origem da palavra matriz. Disponível em: https://www.dicionarioetimologico.com.br/matriz/

FERNANDES, Nathan. Físicos encontram evidência de que o Universo já foi um holograma. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/amp/Ciencia/noticia/2017/02/fisicos-encontram-evidencia-de-que-o-universo-ja-foi-um-holograma.html

NASCIMENTO, Toni. Nabucodonosor – A história do rei mais poderoso do Império Babilônico. Disponível em: https://segredosdomundo.r7.com/nabucodonosor/

VAIANO, Bruno. Matrix faz 20 anos: descubra o que ele te ensinou sobre filosofia. Sem você perceber. Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/matrix-faz-20-anos-descubra-o-que-ele-te-ensinou-sobre-filosofia-sem-voce-perceber/

WIKIPÉDIA. Hilary Putnam. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilary_Putnam

WIKIPÉDIA. Jean Baudrillard. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard WIKIPÉDIA. Morfeu. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Morfeu

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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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