O pioneirismo do cinema de Ida Lupino

Ida Lupino foi uma atriz, produtora, roteirista e diretora inglesa radicada nos Estados Unidos.

Pioneira na década de 1950, teve uma produtora independente, onde Ida co-produziu e co-escreveu diversos filmes.

Foi a primeira mulher a dirigir um filme noir, “The Hitch-Hiker”, em 1953.

Inicialmente, Ida almejava ser escritora mas, para agradar ao pai, ingressou na Royal Academy of Dramatic Art, aos treze anos.

Ela estrelou diversos filmes no papel de “garota má”, na maioria das vezes no papel de prostitutas.

Nascida em Londres, se tornou cidadã americana em 1948, onde fez mais de cinquenta e nove participações em filmes, dirigiu oito longas-metragens, além de atuar em mais de cem episódios em produções televisivas.

Após quarenta e oito anos de carreira, faleceu devido a um AVC decorrente de um tratamento de câncer de cólon em 1995, aos setenta e sete anos.

A carreira de Ida Lupino

Até os anos 70, Ida Lupino continuou atuando, e seus trabalhos de direção foram quase que exclusivos para a televisão.

Ela tinha sua própria empresa, a The Filmakers.

Participou de produções como “Alfred Hitchcock Presents”, “The Twilight Zone”, “The Dona Reed Show”, “Batman”, “A Feiticeira” e “The Untouchables”.

Seu Último Refúgio (1941).

Apesar de dirigir ser sua maior paixão, a necessidade de angariar fundos para poder fazer seus próprios filmes a obrigava a se manter na frente das câmeras e não somente atrás.

Para evitar custos com aluguéis e equipamentos, Ida filmava em locais públicos e planejava várias vezes a mesma cena para evitar ter que repetir as filmagens.

Seu último filme como diretora foi a comédia “Anjos Rebeldes”, lançado em 1965.

Contratada pela Warner, passou boa parte de seu contrato suspensa dos trabalhos.

Isso se deu porque ela costumava bater de frente com o diretor do estúdio por considerar que certos papéis não eram dignos de seu nível artístico e alguns scripts para televisão eram inaceitáveis para seu gosto.

Apesar de não se considerar feminista, ela afirmava precisar manter uma abordagem feminina.

A cineasta afirmou que: “os homens odeiam mulheres mandonas, muitas vezes fingi que um cinegrafista sabia menos do que eu, dessa forma era mais fácil conseguir cooperação”.

Seus filmes abordam as repercussões brutais da sexualidade, independência e dependência emocional.

Cinco produções marcantes de Ida Lupino

Sua carreira foi marcada principalmente por atuações na frente e atrás das câmeras. Além de produtora e diretora, grande parte da sua carreira se fez como atriz.

Veja alguns filmes onde Ida atuou ou dirigiu:

1 – Seu Último Refúgio (1941)

Dirigido por Raoul Walsh, este foi um filme do estilo noir onde Ida atuou no papel da protagonista Marie.

Na história, graças a um indulto do governador, Roy Earle sai da prisão após oito anos cumprindo pena em virtude de um assalto a banco.

Um grande chefe do crime então o procura com o intuito de contratá-lo para orquestrar um roubo a um hotel na Califórnia.

O assalto, no entanto, não sai como planejado e ele é obrigado a se esconder nas montanhas de Sierra Nevada.

Inicialmente o personagem de Roy Earle seria interpretado por Paul Muni. Entretanto o ator não gostou da primeira versão do roteiro, escrito apenas por John Huston.

2 – O Mundo é o Culpado (1950)

Atuando na direção, este foi o primeiro filme centrado na história de uma vítima de estupro.

Com sucesso parcial, levava os espectadores a lidarem com os efeitos psicológicos causados pelo abuso sexual.

Ainda que pequeno e sobretudo sem atrair grandes multidões às salas de cinema, foi um dos poucos no ano a dar algum lucro.

Na trama uma jovem é estuprada ao voltar para casa.

Traumatizada, como resultado ela foge de casa e do noivo e tenta reconstruir a vida em outra cidade. Ao ser cortejada por um amigo, se desespera e quase o mata. No tribunal, ela é defendida por um pastor, que culpa a sociedade.

3 – Anjos Rebeldes (1965)

June Harding e Hayley Mills em “Anjos Rebeldes”.

Este foi seu último filme como diretora, dez anos após o fechamento oficial da The Filmakers.

O filme conta a história de Mary e Rachel, duas garotas que, descontentes com os critérios da Madre Superiora do colégio em que estudam, resolvem importuná-la.

Este é um dos tantos filmes em que Ida injeta uma consciência social.

4 – O Mundo Odeia-me (1953)

Dirigido por Ida, foi o primeiro filme com o elenco cem por cento masculino.

Este filme a consagrou como primeira mulher a dirigir um filme no estilo noir.

Inspirado na onda de crimes do assassino psicopata Billy Cook, o roteiro foi escrito por Robert L. Joseph, Ida Lupino e seu ex-marido, Collier Young.

O filme foi selecionado para preservação no Registro Nacional de Cinema dos Estados Unidos em 1998, por ser “culturalmente histórico ou esteticamente significativo”

A trama conta a história de Roy Collins e Gilbert Bowen, dois amigos que saem para pescar nas montanhas da Califórnia.

No meio do caminho acabam mudando de planos e decidem então ir ao México.

No trajeto, oferecem carona para um estranho, sem imaginar que se trata de Emmett Myers, um perigoso facínora procurado nos EUA e conhecido como “o caronista assassino”.

“O Mundo Odeia-Me” possui um aviso melodramático, mostrando na tela algo que eventualmente poderia acontecer com qualquer pessoa.

5 – O Bígamo (1953)

Este drama americano também foi dirigido e estrelado por Ida Lupino.

O roteirista Collie Young era casado na época com a protagonista Joan Fontaine, e já havia sido casado com Ida.

Este foi o primeiro filme em que a estrela se auto dirigiu.

Evitando clichês, ela leva ao público o olhar feminino sobre a solidão existencial masculina.

Na história passada em São Francisco, o casal Harry e Eve Graham decide adotar uma criança.

Contudo, durante as entrevistas, o comportamento suspeito de Harry chama a atenção da responsável pela análise do processo de adoção.

Certo de que o homem esconde um segredo, o agente começa uma investigação.

Com isso, descobre que Harry é bígamo e tem outra família em Los Angeles, o que deu origem ao título.

Créditos Finais

Os filmes, bem como as séries que Ida dirigiu e atuou, se encontram disponíveis nas plataformas online.

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