Ousmane Sembène | O pai do cinema africano

Ousmane Sembène foi um cineasta, escritor e militante marxista. A sua trajetória no cinema africano foi crucial para o desenvolvimento dessa arte e por mostrar ao mundo algumas estruturas da sociedade africana.

Sendo assim, não é para menos que seja considerado como o “pai do cinema africano”, uma das maiores personalidades das artes na África.

O seu trabalho serviu como inspiração para que outros seguissem os mesmos passos e, também, para que as pessoas estudassem mais sobre a história do continente africano.

Até hoje, o diretor é uma figura importante e que ainda serve para influenciar e ensinar sobre a cultura e sociedade africana. Sendo assim, caso esteja interessado em conhecer um pouco mais sobre Sembène e suas obras, então continue lendo!

Ousmane Sembène e sua repercussão

Ousmane Sembène foi, basicamente, um escritor e cineasta senegalês que nasceu no dia 1º de Janeiro de 1923, na região de Casamance, localizada ao sul do Senegal.

Desde jovem, Sembène já possuía um olhar crítico em relação as mudanças políticas e sociais de seu país. Em meados de 1956, ele escreveu o seu primeiro livro de romance, intitulado de “Le Docker Noir”, onde ele narra a sua própria trajetória como um docker (trabalho de portuário), quando esteve na França.

A partir de então, Sembène começa a dedicar-se a literatura, fazendo várias viagens pela Europa, com o intuito de melhorar o seu trabalho. No entanto, foi na África que ele encontrou grandes inspirações para os seus textos.

Segundo o próprio Sembène, ele tirou proveito de suas viagens pela Europa, para encontrar os seus conterrâneos e mandá-los de volta para África, com o objetivo de buscar soluções para solucionar os problemas no continente.

O pai do cinema africano

Cena de O Carroceiro (1963). Frequentemente é considerado o primeiro filme feito na África por um africano negro.

Sem dúvida, Sembène possuía um afeto muito grande por sua região, como se essa fosse a sua própria fonte de inspiração. Ele acredita que os jovens que haviam deixado o continente, deveriam retornar para tentar mudar certas coisas em sua região, por meio de ações políticas, sociais e até mesmo artísticas. Sembène ansiava por uma mudança.

Por volta de 1963, ele escreveu e dirigiu o seu primeiro curta metragem, O Carroceiro, que narra os problemas e dificuldades que um carroceiro no Senegal tem de lidar.

Sendo assim, Sembène passou a dirigir filmes não apenas por sua paixão pelo cinema e artes, mas como também pelo fato de que essa era uma forma de divulgar os seus ideais e percepções por meio do cinema, já que para ele era mais fácil fazer um filme do que escrever um livro.

Desse modo, o cineasta dividia o seu tempo entre a literatura e o cinema. Logo, não demorou para que o cineasta e escritor passasse a ganhar mais visibilidade, tanto dentro de seu país, quanto fora dele.

Sembène foi o grande responsável por desmarcar certas ideologias,  influenciando outras gerações de jovens ao redor do continente, além de atrair a atenção dos críticos de cinema do exterior.

Obras marcantes da carreira de Ousmane Sembène

Tanto as obras literárias quanto cinematográficas de Sembène possuem como cenário a região Casamance, onde nasceu e cresceu. É possível notar que Sembène possuía um grande e forte apreço por sua terra natal. A paixão pelo continente provinha de seu olhar crítico em relação a tudo o que ocorreu na África e também no Senegal.

Para Ousmane Sembène, a arte não era apenas uma forma de expressão, mas também era uma ferramenta que poderia utilizar a serviço de um interesse com relação a mudanças sociais.

Essa foi a arte que o inspirou a escrever os seus livros e dirigir filmes sobre as histórias de cada pessoa, da sociologia, política e, ciências. As suas obras que retratam as questões causadas pelo colonialismo francês e a urgência de mudança são como uma espécie de apelo.

Sendo assim, veja a seguir quais são as obras que mais marcaram a carreira de Ousmane Sembène, como cineasta!

A negra de… (1966)

Diouna é uma jovem garota senegalesa que decide viajar para a França em busca de conquistar uma vida melhor. Ao chegar no país estrangeiro, ela começa a trabalhar como babá em uma casa de família, porém, com o tempo a garota percebe que está se tornando uma empregada doméstica e, desse modo, passa a repensar em toda a sua vida e qual caminho seguir.

Xala (1975)

Senegal está comemorando o início da independência da França. No entanto, apesar dos festejos, é nítido que apenas algumas coisas mudaram, mas o dinheiro branco ainda é o que controla o governo. Desse modo, o oficial Aboucader Beye, tira proveito de uma parte do dinheiro para conseguir casar-se com sua terceira esposa.

Moolaadé (2004)

Em uma aldeia africana, é comum o costume de mutilar as genitais femininas, um procedimento extremamente doloroso e temido por todas as garotas. Sendo assim, seis delas precisam passar por esse ritual em algum dia. Porém, com tanto medo e pavor, duas delas acabam afogando-se em um poço. Enquanto as outras quatro tentam buscar a proteção de Collé, uma mulher que não deixou que sua filha fosse mutilada, ao invocar o “moolaadé“, uma proteção sagrada. No entanto, os homens começam a pressionar o marido de Collé para que o mesmo retire essa proteção.

Mandabi (1968)

Os povos de Senegal vivem sob o contexto da pobreza, onde mal tem emprego ou dinheiro para comprar comida. Até que Tonton recebe uma ordem de pagamento de seu sobrinho que mora em Paris. A história acaba repercutindo por toda a vizinhança que passa a procurar por Tonton em busca de comida ou dinheiro. Ao passo que Tonton tenta encontrar um meio para conseguir retirar o dinheiro.

Ceddo (1977)

A cultura local de uma nação africana é posta em ameaça quando o islamismo e o cristianismo se aproximam. Até mesmo o próprio rei Demba é convertido ao islamismo. Porém, os guerreiros Ceddo não pretendem abandonar as tradições e cultura local. Como forma de protesto contra o cenário, um dos Ceddo sequestra a filha do rei, o que culmina em uma guerra civil.

Créditos Finais

Podemos concluir que durante os anos, Ousmane Sembène conquistou um espaço enorme na história do cinema e literatura. Mesmo após a sua morte, o cineasta até hoje ainda é lembrado com grande respeito e admiração.

Diversos festivais de cinema homenageiam os ganhadores com prêmios que possuem o nome do cineasta. Sem dúvida, Sembène não tornou-se apenas as uma referência artística sobre o cinema africano, mas como também é uma figura atemporal que transmitiu as suas ideologias através das páginas de seus livros e das telas de cinema.

Enfim, você já conhecia o trabalho desse cineasta? Qual a sua opinião a respeito? Não esqueça de deixar o seu comentário!

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