Alice Guy-Blaché foi a primeira diretora da história do cinema, sendo a responsável por realizar mais de mil filmes em sua carreira. Além disso, a cineasta também é a primeira roteirista, produtora e diretora de um estúdio cinematográfico.
Não é à toa que a cineasta se tornou conhecida como uma pioneira da sétima arte, com a sua estética e temas abordados em suas obras. Portanto, caso esteja curioso para conhecer um pouco mais sobre a cineasta, basta continuar lendo!
O pioneirismo de Alice Guy-Blaché no cinema
Alice Guy-Blaché nasceu em Saint-Mandé, na França, no dia 1 de julho de 1873. O seu pai, era dono de uma rede de livrarias e de uma editora no Chile, antes de Alice nascer, ele a esposa haviam se mudado para o Chile.
Após uma viagem para Saint-Mandé, Alice nasceu e, logo após, o pai retornou para o Chile, enquanto a filha foi enviada para ficar com os seus avós na Suíça. Lá permaneceu até os quatro anos de idade, então voltou para morar com os pais.
Ao completar seis anos de idade, ela e os seus irmãos foram enviados para estudar no Colégio do Sagrado Coração, na França. Pouco tempo depois, o seu irmão mais velho faleceu, aos dezessete anos de idade.
E por volta de 1983, o seu pai também faleceu devido ao desgaste da sua saúde causado por sua situação financeira. Para sustentar a si mesma e a mãe, Alice começou a treinar como estenógrafa e datilógrafa, dois campos que na época eram novos.
Sendo assim, conseguiu uma vaga de trabalho em uma fábrica de verniz. Pouco menos de um ano depois, mais especificamente em 1894, Alice começou a trabalhar como secretária junto com Léon Gaumont na Comptoir Général de la Photographie.
Cerca de alguns meses antes dos irmãos Louis e Auguste Lumière estrearem sua invenção conhecida como “cinematografo” para o público, eles resolveram mostrá-la para um seleto grupo de pessoas, o qual Alice fazia parte.
O dispositivo era bastante moderno para a época e funcionava com uma câmera e projetor ao mesmo tempo. Foi a partir desse momento que Alice tornou-se fascinada pela tecnologia e a arte de fazer filmes.
O cinema também tem uma mãe
Logo, Alice pediu ao seu chefe para filmar algumas cenas com aquele equipamento, tendo o mesmo concordado. Foi desse modo que, por volta de 1896, Alice realizou o primeiro filme de ficção no mundo, conhecido como A Fada do Repolho.
Apesar dos irmãos terem realizado um filme nomeado de O Regador Regado, eles não exploraram todo o potencial que o equipamento poderia oferecer. Para eles, funcionava mais para registrar cenas.
Enquanto o filme de Alice, com apenas 1 minuto, contém uma narrativa, cenários e efeitos especiais. Gaumont pôde notar a visão criativa e pioneira de Alice e, com isso, a colocou no cargo de chefe de produção de seu estúdio.
É bem provável que Alice tenha sido a única mulher a conquistar esse cargo durante a época, com o qual realizou uma série de pequenos filmes. Já em 1906 filmou a sua primeira grande produção, La vie du Christ, onde usou efeitos especiais, dupla exposição, gravações de áudio junto das imagens e várias outras ferramentas.
No mesmo ano, encerrou sua parceria com Gaumont e casou-se com Herbert Blaché. Ambos começaram a trabalhar juntos nos Estados Unidos e, por volta de 1910, decidiram montar sua própria empresa, a Solax Company.
Antes de Hollywood, esse foi considerado como o maior estúdio de cinema e Alice foi a primeira mulher a dirigir um estúdio desse porte. Desse modo, o casal seguiu trabalhando em várias produções.
O fim da carreira de Alice Guy-Blaché e o seu legado
Com apenas 2 anos de trabalho, eles conseguiram prosperar tanto que puderam investir cerca de 100 mil dólares em um novo estúdio. Contudo, alguns anos depois, a indústria cinematográfica sofreu um declínio e o casal acabou se divorciando.
Por volta de 1920, Alice dirigiu o seu último filme, mesmo com algumas complicações de saúde devido a gripe. Em 1922, com o divórcio oficial, ela teve que leiloar o estúdio em decorrência da falência.
Por fim, retornou a França e não produziu nenhum outro filme. Embora tivesse tentado retornar a trabalhar nos Estados Unidos em 1927, mas não obteve muito sucesso. Em 1964 foi morar com uma de suas filhas e, cerca de quatro anos depois, faleceu aos 94 anos de idade.
As obras marcantes de Alice Guy-Blaché
Não há qualquer dúvida de que Alice Guy-Blaché tenha sido uma das realizadoras mais importantes e necessárias durante a virada do século IX. Sendo, além disso, considerada como uma das primeiras mulheres a fazer filmes com narrativas.
Durante os seus 94 anos, a cineasta trabalhou como diretora, roteirista e produtora, suas obras mesclavam cenas da realidade com narrativas de ficção. Tendo, inclusive, mais reconhecimento que muitos diretores hoje em dia.
Estima-se que entre o período de 1896 e 1922, a cineasta realizou mais de mil filmes. Mas apenas cerca de 350 são atribuídos à ela e que sobreviveram até hoje. Sendo assim, confira a seguir quais são as suas obras mais notáveis:
A Fada do Repolho (1896)
Considerado como o primeiro filme dirigido por uma mulher e também o primeiro com narrativa de ficção, a história apresenta uma breve fábula onde uma fada gera e distribui bebês que nascem de repolhos.
A Madame com Desejos (1907)
O filme mostra uma grávida que, enquanto caminha pelas ruas da cidade, tem uma série de desejos irreprimíveis.
O Cair das Folhas (1912)
Trixie Thompson é uma pequena garotinha que, após ouvir o diagnóstico de um médico, acha que deve impedir que as folhas de outubro caiam no chão, para salvar a sua irmã. Sendo assim, ela planeja um plano para impedir que isso aconteça.
Os Resultados do Feminismo (1906)
Esse filme é uma sátira, onde a igualdade de gênero nunca é alcançada, e os papéis são invertidos. Desse modo, as mulheres quem são as predadoras sexuais e autoritárias, enquanto os homens são dóceis e cuidam das tarefas de casa.
A Fool and His Money (1912)
Esse filme é considerado como um dos primeiros filmes a usar um elenco de negros nos papéis principais. A trama gira em torno de um grupo de pessoas que acaba enriquecendo e levando um estilo de vida aristocrático.
Créditos Finais
Inegavelmente, Alice Guy-Blaché foi uma importante figura não só para o cinema como um todo, mas também para que outras mulheres seguissem o mesmo passo. A cineasta foi responsável por abrir caminho na direção de filmes.
Assim como também se tornou responsável por abrir caminho na construção de uma determinada linguagem para expressar suas obras. Por fim, não esqueça de deixar seu comentário caso queira compartilhar sua opinião sobre a cineasta e suas obras!