Chantal Akerman foi uma cineasta belga, considerada como a pioneira do cinema experimental e feminista. Com uma carreira que durou mais de 40 anos, Akerman realizou uma série de curtas-metragens, longas, ficções e documentários.
Na maioria de suas obras é possível observar sua retratação de cenas comuns do cotidiano, que convida o espectador a observar e absorver a passagem do tempo.
Chantal Akerman e o início de sua carreira como cineasta
Chatal Akerman nasceu no dia 6 de junho de 1950, em Bruxelas. Descendente de uma família polonesa judaica, vítima do Holocausto Polonês, cuja única sobrevivente foi a sua mãe.
A relação de Chantal com sua mãe era muito próxima. Sua mãe foi a principal motivação para Chantal seguir sua carreira no cinema que, por sua vez, anos mais tarde retratou essa relação em alguns de seus filmes.
Pode-se dizer que sua primeira influência no cinema foi o filme Pierrot le Fou, do cineasta Jean-Luc Godard. Chantal tinha cerca de 15 anos quando assistiu esse filme e decidiu que gostaria de ser uma cineasta.
Sendo assim, aos 18 anos Chantal ingressou na faculdade de cinema belga. No entanto, após o seu primeiro período na faculdade, Chantal decide sair para realizar o seu primeiro curta-metragem experimental, Saute ma ville, em 1971.
Ela mesma atuou nesse curta, que serviu como uma base de estudo para o seu longa-metragem subsequente, Jeanne Dielman. No mesmo ano, mudou-se para Nova York, onde ficou apenas durante um ano.
Outros grandes nomes do cinema vanguardista também serviram como uma inspiração para a cineasta. Incluindo Michael Snow, Stan Brakhage e Jonas Mekas, figuras que conheceu durante o tempo que viveu em Nova York.
Por volta de 1972, Chantal retornou para a Europa e realizou o seu primeiro longa-metragem, Hotel Monterey. Seguido de alguns curtas experimentais, La Chambre, por exemplo.
Foi a partir de então que Chantal Akerman começa a descobrir qual o seu estilo de fazer cinema e, então, repete essa mesma fórmula até o último filme de sua carreira. Usando muito dos longos planos de sequência e repetição de tarefas comuns.
O feminino no cinema
Tendo sido uma lésbica assumida, o seu único filme que aborda um pouco mais sobre esse assunto é Eu, Tu, Ele, Ela.
O sucesso e reconhecimento conseguiu alcançar somente por volta de 1975. Graças ao filme que tornou-se uma grande obra-prima do movimento feminista do cinema, Jeanne Dielman.
Desse modo, Akerman foi uma parte importante da segunda onda do feminismo. Tendo em vista que todas as suas obras refletiam a respeito da presença feminina no cinema, seja na frente ou atrás das câmeras.
Em seu ponto de vista, a cineasta costumava dizer que a visão feminista estava mais relacionada a forma como os filmes eram feitos do que a história contada. Além disso, também teve inspiração de alguns filósofos, incluindo Gilles Deleuze e Felix Guattari.
A cineasta dirigiu cerca de 50 filmes, foi indicada ao prêmio do Festival de Berlim e ao Festival de Veneza por suas obras Histoires d’Amérique: Food, Family and Philosophy e Noite e Dia, respectivamente.
Um ano após a morte de sua mãe a cineasta começou a ter umas recaídas de depressão e acabou ficando hospitalizada. Mas, ao retornar para casa, acabou tirando a sua própria vida, no dia 5 de outubro de 2015, na capital francesa.
Encerrando assim a sua longa e brilhante trajetória que a tornou uma das figuras mais importantes do cinema autoral europeu. O seu último filme, Não é Um Filme Caseiro, foi inteiramente dedicado a sua mãe.
Filmes marcantes de Chantal Akerman
Como dito antes, todas as obras de Chantal Akerman são dedicadas a sua mãe, uma judia polonesa e única sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. Retratando assim a ansiedade e neurose proveniente da sobrevivência e então o exílio.
Akerman costumava deixar em seus filmes a sua marca registrada, conhecida como as longas tomadas, estética inconfundível e temas feministas, além dos traumas relacionados à identidade judaica.
Por isso, foi uma cineasta muito importante fluente e uma figura essencial na comunidade cinematográfica. Sendo assim, confira a seguir algumas das principais obras da filmografia de Chantal Akerman.
Não é um Filme Caseiro (2015)
Esse documentário relata uma parte da vida da própria mãe de Chantal Akerman, após chegar na Bélgica por volta de 1939, quando estava fugindo do massacre que ocorreu na Polônia. Presa em seu apartamento em Bruxelas, a mulher não vê todas as mudanças ocorrendo no mundo.
A Loucura de Almayer (2011)
Esse filme é uma adaptação do romance “Almayers Folly”, escrito por Joseph Conrad, em 1895. A história gira em torno do mercador Kaspar Almayer, que vê os seus sonhos de riqueza para sua própria filha indo por água a baixo devido ao seu egoísmo e preconceito.
A Prisioneira (2000)
Essa é uma história de amor um tanto quanto problemática, baseado em “La Prisioniere”, de Marcel Proust.
Jeanne Dielman (1975)
A trama acompanha três dias na vida de Jeanne Dielman, uma mulher que, apesar de ainda ser jovem, é viúva e mora sozinha com seu filho adolescente. A rotina na vida de Diane é monótona e enfadonha, enquanto o filho está na escola, vez ou outra, se prostitui.
Um Divã em Nova York (1996)
Henry Harriston é um psicanalista novaiorquino, já Béatrice Saulnier é uma bailarina francesa. Ambos decidem trocar de apartamentos por algumas semanas, com o intuito de fugir um pouco da rotina.
Porém, como a decisão foi feita rapidamente, tanto Béatrice quanto Henry precisam se envolver em assuntos pessoais um do outro. Tendo em vista que os pacientes de Henry pensam que Béatrice é sua substituta, enquanto os pretendentes de Béatrice pensam que Henry está saindo com a mulher.
Créditos Finais
Akerman é frequentemente relacionada às características de uma cineasta mulher lésbica e judia. Akerman, contudo, sempre fez questão de não se reduzir apenas a esses rótulos.
Distanciando-se então de um cinema feminista, ela costumava enxergá-lo como um cenário sem limitações de identidade ou liberdade. A cineasta não costumava usar a expressão “cinema feminista”, pois acreditava que isso implicava que só havia uma maneira na qual as mulheres poderiam se expressar.
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