O cinema transgressor de Yasuzo Masumura

Yasuzo Masumura foi um cineasta japonês, tido como o percursor do Japanese New Wave. O cinema de Masumura foi, de fato, transgressor, sendo comparado por vezes com Douglas Sirk do Japão.

Se você ainda não conhece as obras do cineasta, então está na hora de conhecer um pouco mais para entender como foi importante.

O cinema de Yasuzo Masumura

Yasuzo Masumura nasceu em 1924, na Província de Yamanashi, no Japão. A principio, Masumura decidiu seguir carreira no Direito, enquanto cursava a Faculdade de Tokyo, por volta de 1947.

No entanto, nessa mesma época, começou a trabalhar em uma produtora japonesa de filmes, chamada de Daiei. Então, Masumura decidiu que gostaria de seguir o seu caminho nessa área que havia passado a interessar-se.

Sendo assim, em meados de 1952, foi estudar no Centro Sperimentale di Cinematografia da Itália. Alguns anos depois, retornou ao seu país onde atuou como assistente de direção de Kenji Mizoguchi e Kon Ichikawa.

Foi em 1958 que Masumura dirigiu o seu primeiro filme: Kuchizuke, que foi bem recebido pelo público e critica. A partir de então, o cineasta dirigiu ao longo de sua extensa carreira cerca de 57 filmes.

Na época em que dirigia filmes, ficou visto como o percursor do movimento Japanese New Wave, no início dos anos 60, ao lado da Nouvelle Vague e o Cinema Novo no Brasil.

Um fato interessante sobre o cineasta é que mesmo tendo estudado em uma escola de cinema italiana, ele nunca negou as suas origens. Na verdade, o cineasta não queria fazer um cinema que fosse próximo do realismo italiano.

Masumura optou por seguir o caminho oposto. De acordo com o próprio diretor, o problema do realismo social, era que esse movimento focava muito em pressões sociais vigentes da época.

Dessa forma, trazia uma ideia de derrota a pessoa, gerando então uma sensação geral de resignação. O intuito do diretor era criar uma realidade exagerada com ideias e paixões humanas, nada além disso.

Grandes filmes de Yasuzo Masumura

A atriz Ayako Wakao em Akai tenshi (1966).

Conhecer os trabalhos de Yasuzo Masumura é também conhecer o trabalho de outros diretores de hoje em dia, como Quentin Tarantino e Steven Spielberg. O cinema de Masumura na década de 60 tinha o objetivo de não ficar preso à vanguarda do cinema “moda” na época.

Como dito acima, a proposta de seus filmes era retratar, nada menos, que as paixões humanas. Seguindo o mesmo conceito da já ativa Nouvelle Vague francesa e até mesmo no Cinema Novo brasileiro.

Dessa forma, é possível notar em suas obras um caráter transgressor, que trata uma visão mais cruel do Japão após a guerra, com um pouco de erotismo. Não é para menos que ficou famoso como o precursor do Japanese New Wave.

Esse movimento que aconteceu na década de 60 foi o responsável por causar uma ruptura na forma como até então era retratado o cinema japonês. Além disso um dos pontos que mais inovou a temática do cinema no Japão foi incluir pessoas excluídas na sociedade como os protagonistas.

E, é claro, não podemos deixar de citar a poética violência das obras de Yasuzo Masumura, que o tornou famoso. Mesmo com muito sangue e violência, o cineasta conseguia retratar as cenas com uma beleza plástica e tom erótico.

Quando for assistir algum filme do cineasta, é possível ver como segue firme nesse mesmo conceito na maioria de suas obras. Você achará até uma certa semelhança com outras obras modernas.

Portanto, confira logo abaixo alguns dos melhores filmes da carreira de Yasuzo Masumura!

Irezumi (1966)

Otsuya é uma jovem e bela garota que se vê forçada a se tornar uma gueixa e se prostituir. No entanto, Otsuya planeja vingar-se de todos os homens ao seu redor, culpando então suas ações devido à sua tatuagem.

Akai tenshi (1966)

Durante a guerra com a China, uma jovem enfermeira é enviada para os hospitais no campo de batalha do Japão. Ela passa então a ajudar o doutor a realizar uma série de amputações nos soldados, inclusive, torna-se um consolo para um soldado que jamais poderá retornar para a sua casa.

Aozora musume (1957)

Yuko Ono, logo após formar-se no colégio, está preparada para deixar o interior e viajar para Tokyo. Durante sua primeira viagem para a capital do Japão, ela reencontra com os seus pais, de quem estivera separada desde a sua infância.

Porém, antes de partir, Yuko recebe a notícia de que sua avó está prestes a morrer e de que deseja fazer uma revelação para ela.

Cega Obsessão (1969)

Um escultor cego fica obcecado por uma jovem mulher e decide aprisioná-la em seu ateliê. O mesmo, acredita ter criado uma nova forma de arte tátil, então ele e a modelo ficam em uma espécie de relação sadomasoquista, algo entre o erotismo, arte e morte.

Esse filme é um clássico da nouvelle vague japonesa, do gênero erótico e com atmosfera de horror psicológico. Belo, e ao mesmo tempo angustiante, a obra foi baseada em um conto de Edogawa Rampo, o pai dos romances policiais nipônicos entre as décadas de 1920 e 1960.

Kyojin to gangu (1958)

Três grandes empresas de doces mantém uma competição acirrada e implacável. Porém, uma dessas empresas encontra uma garota pobre e com dentes horríveis, e acabam contratando-a como a nova porta-voz da empresa.

Mas, de forma inesperada, essa menina vira uma estrela da noite para o dia, fazendo com que a competição se torne ainda mais acirrada.

Créditos Finais

Em suma, Yasuzo Masumura foi, nada menos, que o precursor do Japanese New Wave. Graças as suas obras repletas de poesia e violência, o cineasta inspirou muitos outros temas e outros diretores que vieram após ele.

Até hoje, os seus filmes ainda são amplamente difundidos e discutidos entre os amantes do cinema. Por fim, o que você achou desse conteúdo? Já conhecia o trabalho desse diretor? Qual a sua opinião sobre? Não esqueça de deixar o seu comentário!

Picture of Por Dentro da Tela

Por Dentro da Tela

O Por Dentro da Tela é um canal dedicado à análise e discussão de filmes, séries e animes.

Posts Relacionados

Novidades

Podcast

Redes Sociais

Rolar para o topo