Kon Ichikawa é um dos nomes que surgem quando o assunto é cinema japonês, o seu trabalho apresenta uma vasta gama de gêneros e estilos diferentes. Que vão desde os filmes antiguerra até documentários sobre a Olimpíada de Tóquio, que recebeu dois prêmios BAFTA.
No entanto, ainda há muitos que desconhecem o trabalho desse cineasta e quais são suas principais obras. Se você deseja conhecer mais sobre Ichikawa e quais são os melhores filmes de sua carreira, basta continuar lendo!
Breve biografia de Kon Ichikawa
Ichikawa nasceu no dia 20 de novembro de 1915, em Ise, na Prefeitura de Mie como Giichi Ichikawa. Seu pai faleceu quando tinha quatro anos, a família tinha uma loja de kimono que acabou falindo, então ele foi viver com sua irmã.
Foi-lhe dado o nome de “Kon” por um tio que pensou que os personagens no kanji significavam boa sorte, porque as duas metades do personagem chinês parecem a mesma quando é dividida em duas verticalmente.
Desde criança ele amava desenhar e o seu grande sonho era se tornar um artista. Ichikawa também amava assistir filmes e era um grande fã dos filmes samurais. Durante sua adolescência, ele ficou fascinado por “Silly Symphonies” de Walt Disney e foi quando decidiu se tornar um animador.
Ichikawa se formou em uma escola técnica em Osaka e começou a trabalhar no departamento de animação da J.O., estúdio cinematográfico em Kyōto. No início dos anos 40, a J.O Studio fundiu-se com P.C.L. e Toho Film Distribution para formar a Toho Film Company.
Primeiros filmes
Então, Ichikawa mudou-se para Tóquio, onde realizou o seu primeiro curta-metragem, Musume Dôjôji. Um drama de fantoches baseado em uma peça Kabuki tradicional, em 1946.
No entanto, o filme foi confiscado pelas autoridades de ocupação dos Estados Unidos, sob a desculpa de que era “feudal” demais. Porém, algumas fontes afirmam que o roteiro não tinha sido aprovado pelas autoridades.
Foi em Toho que ele conheceu Natto Wada, uma roteirista que casou-se com Ichikawa e colaborou com ele em muitos de seus filmes. Ichikawa fez o seus primeiro filme para a Shintōhō Motion Picture Company.
Sanbyaku rokujû-go ya: Tôkyô-hen (1948), foi o seu primeiro grande sucesso nas bilheterias, onde Wada colaborou com o marido. Desde então, o cineasta realizou diversas obras primas do cinema que hoje são grandes clássicos.
Melhores filmes de Kon Ichikawa
Kon Ichikawa é um nome que insiste em aparecer com frequência nas discussões sobre o cinema japonês. No entanto, sua filmografia é tão vasta que é difícil saber por onde começar a assistir os seus filmes.
Ao longo de 7 décadas, Ichikawa conseguiu realizar 100 títulos, abordando uma grande variedade de gêneros ao longo da jornada. Em Não Deixarei os Mortos (A Harpa Birmana) (1956), Ichikawa é visto como uma figura modernista chave, fazendo a ponte entre a idade de ouro clássica dos anos 1950 e os anos 60 mais formalmente experimentais.
Junto com adaptações literárias e sátiras contemporâneas, o cineasta realizou uma série de filmes juvenis abrasivos, filmes de gângster de época e até mesmo thrillers. Além disso, Ichikawa também recebeu vários prêmios em uma série de festivais.
Alguns de seus filmes tiveram enorme sucesso de bilheteria, mas a falta de tropos visuais distintos ou temas recorrentes em seu trabalho o levou a ser considerado um sólido timoneiro ao invés de um autor.
Mas, se olhar com um pouco mais de atenção, você com certeza notará a visão pictórica para uma imagem forte do cineasta, que começou sua carreira como ilustrador. Além disso, há também a trama dramática frequente em seus filmes.
Vale notar que apenas uma parte de seus filmes foi lançada em versões legendadas e, mesmo no Japão, muitos de seus trabalhos estão indisponíveis para assistir no momento. A boa notícia, porém, é que os filmes que podemos ver já são o suficiente para conquistar qualquer cinéfilo.
Sendo assim, confira logo a seguir quais são os filmes de Kon Ichikawa que são os melhores do cinema japonês!
A Família Inugami (1976)
A morte de Sahei Inugami, um velho rico e com várias propriedades, deixa para trás uma fortuna como herança. Conhecendo bem seu parente, os familiares temem a abertura do testamento, no qual ele relega todos seus bens para uma criada da casa, com a condição de que ela só irá receber o dinheiro, se casar-se com um dos seus três netos.
Não Deixarei os Mortos (A Harpa Birmana) (1956)
Fim da Segunda Guerra Mundial. O disciplinado pelotão do capitão Inouye foi preso pelos ingleses, e eles descobrem que uma tropa de japoneses recusa a rendição e será massacrada pelos inimigos.
Mizushima, tocador de arpa do grupo, sobe até uma montanha para tocar, na expectativa de convencer os compatriotas a entregarem-se e evitar o derramamento de sangue.
Gokumon-to (1977)
O filme é inspirado em um livro de Seishi Yokomizo. Um detetive ajuda a solucionar o mistério por trás dos assassinatos de jovens irmãs em uma ilha japonesa no pós-guerra.
Akuma no temari-uta (1977)
Uma série de jovens são assassinados em uma aldeia isolada de Onikobe, no Japão. O detetive particular Kindaichi é quem ajuda o Inspetor Isokawa a solucionar os assassinatos e também a resolver um inacabado que ocorreu nessa mesma vila há 20 anos atrás, onde o senhor Genjiro foi assassinado.
Além de todos os crimes e assassinatos, a cidade vive dividida pelas famílias Yura e Nire, que disputam o poder do lugar.
Joôbachi (1978)
Na família Daidoji de Izu, um homem morreu de forma misteriosa. Kosuke Kindaichi, um detetive, visita a família Daidoji para investigar o caso a pedido do advogado Kanoh em Kyoto, imediatamente após a morte.
Créditos Finais
Apesar do cinema japonês ter muitos nomes que são importantes para a cultura do país, Kon Ichikawa ganha um espaço especial devido a sua grande influência e versatilidade. Até hoje ainda serve como fonte de inspiração para muitos outros cineastas, e não apenas do Japão.
As suas obras são notáveis e não é à toa que são algumas das melhores do Japão. E você, já conhecia o trabalho desse diretor? Já assistiu algum de seus filmes? Não esqueça de compartilhar com os seus amigos também e deixe um comentário!
