O cinema autoral de Lucrecia Martel

Embora tenha poucos filmes em seu currículo, os trabalhos de Lucrecia Martel são muito significativos no cinema. Pois, a diretora argentina consegue cativar qualquer um ao transmitir realidade em suas obras que fogem completamente dos padrões estadunidenses.

A cineasta, roteirista e produtora, já realizou filmes que foram exibidos nos principais festivais de cinema, incluindo o de Cannes, Veneza, Berlim, Toronto e vários outros.

Sem dúvida, é uma das diretoras mais aclamadas e prestigiadas pela crítica do cinema espanhol e, atualmente, possui uma grande reputação e um dos nomes mais promissores de Hollywood. Ficou interessado para conhecer um pouco mais sobre os trabalhos dessa grande cineasta? Então continue lendo!

Lucrecia Martel e sua autenticidade no cinema

Lucrecia Martel nasceu no dia 14 de Dezembro de 1966, em Salta, uma região longe das grandes cidades da Argentina. Desde a sua adolescência, Martel já demonstrava interesse em filmar a sua grande família, mas nunca havia cogitado a possibilidade de estudar cinema.

Porém, as coisas mudaram quando percebeu que poderia estudar, sim, e seguir carreira no ramo. Então, em meados de 1986, mudou-se para Buenos Aires, onde frequentou a Escola Nacional de Cinematografia. Durante essa época realizou uma série de curtas, incluindo o seu grande sucesso de crítica, Historias Breves I: Rey muerto que lhe garantiu uma série de prêmios em festivais internacionais.

A partir de então, Lucrecia começou a fazer história, tornando-se uma das únicas mulheres nesse ramo com grande sucesso e prestígio na Argentina e ao redor do mundo.

Mesclando entre as produções para a televisão e o cinema, a diretora realizou outras produções que também obtiveram um bom êxito comercial, incluindo O Pântano de 2001.

No entanto, somente em meados de 2004 que Lucrecia começaria a decolar em sua carreira como cineasta, ao dirigir o filme A Menina Santa, que possui a produção executiva dos irmãos Almodóvar. Esse filme foi o responsável por garantir a ela um lugar no Festival de Cannes.

Sua influência no cinema

Juan Minujín e Lucrecia Martel no set de Zama (2017).

Com grande talento e dedicação, a cineasta abriu as portas para que outros jovens da província de Salta se espalhassem nela e seguissem os seus passos.

O último filme que Lucrecia lançou foi Zama, por volta de 2017. O filme é uma adaptação da obra que possui o mesmo título, de Antonio Di Benedetto. O filme possui uma coprodução brasileira e ainda conta com o queridíssimo Matheus Nachtergaele no elenco.

Dessa forma, Lucrecia provou e afirmou que, para ela, não existe rixa entre brasileiros e argentinos e que, tanto dentro das telas quanto fora delas, ambas as nações complementam uma a outra. O objetivo da diretora é que as opções de narrativas possam se ampliar ainda mais a partir de seu filme.

Principais obras de sua carreira

É possível afirmar que a cineasta sempre busca uma forma de trazer para os seus longas uma simplicidade que compõe a realidade.

Ou seja, a cineasta procura induzir sensações aos espectadores de uma forma mais simples, sem efeitos especiais ou trilha sonora mais pesada. Pois, o que a diretora deseja é que o espectador possa identificar-se direto com a narrativa e não com fatores técnicos.

A cineasta possui a sua própria linguagem, a sua força, determinação e perseverança para destacar-se dentro de uma indústria controlada majoritariamente por homens. Além da habilidade em abordar assuntos e temas que ainda são considerados como polêmicos e tabus na sociedade, sem quaisquer medo ou receio.

Em suas obras, está presente assuntos relacionados à identidade, problemas familiares e também abuso sexual. Temas esses que, geralmente, há uma maior dificuldade de abordar. Porém, a diretora não possui essa dificuldade, dada a sua originalidade, criatividade e, é claro, sua experiência no ramo.

Sendo assim, veja a seguir algumas das obras mais prestigiadas dessa grande diretora!

O Pântano (2001)

A cidade de La Ciénaga é famosa por suas grandes extensões de terra que ficam alagadas com as chuvas fortes, formando então pântanos que se transformam em armadilhas traiçoeiras para os animais da região.

Próximo a cidade, fica o vilarejo de Rey Muerto, onde encontra-se o sítio de La Mandrágora, onde pimentões são cultivados. Duas famílias estão indo para esse sítio, uma liderada por Mecha, uma mulher de 50 anos com quatro filhos e um marido que costuma ignorar.

A outra família é liderada por Tali, prima de Mecha, que também possui quatro filhos e ama o seu marido. Sendo assim, ambas as famílias começam a entrar em conflito a medida que a tensão entre elas vai crescendo.

Menina Santa (2004)

Amália e Josefina possuem 16 anos e moram na cidade de La Ciénaga, na Argentina. Josefina vem de uma família conservadora, enquanto os pais de Amália são divorciados e sua mãe trabalha em um hotel.

Em um dia, após o ensaio do coral, ambas as meninas se encontram na igreja para conversar sobre religião e outros segredos. Um tempo depois, Amália conhece o Dr. Jano, que acaba descobrindo que possui uma vocação para salvar os homens do pecado.

A Mulher Sem Cabeça (2008)

Verónica é uma dentista que possui uma vida confortável. No entanto, ela vê sua vida virar de cabeça para baixo quando, ao se descuidar enquanto dirige, ela passa por cima de alguma coisa. Sem coragem para retornar e ver o que aconteceu, Verónica segue em frente, porém, fica atormentada com a possibilidade de ter matado uma pessoa.

Zama (2017)

Durante o final do século XVIII, Don Diego de Zama, um oficial da Coroa Espanhola pretende viajar para Buenos Aires. No entanto, ele se une com um grupo de soldados para caçar um bandido e explorar terras habitadas por índios.

Historias Breves I: Rey muerto (1995)

Rey Muerto é uma vila que fixa no nordeste da Argentina. Nessa vila uma mulher deseja escapar com seus filhos, de seu marido abusivo.

Créditos Finais

Entre os cineastas mais originais dessa geração, Lucrecia Martel com certeza possui um espaço nesse meio, mesmo que não possua uma filmografia tão extensa.

Afinal, as suas obras são cheias de qualidade e realismo surpreendente, que nos remete a uma verossimilhança ao que estamos assistindo. Não é para menos que a cineasta já imprimiu a sua própria marca nas indústrias cinematográficas.

As suas obras merecem reconhecimento e prestígio, pois são verdadeiras e autênticas.

E quanto a você, já assistiu algum filme da diretora? Qual deles é o seu favorito? Não esqueça de compartilhar a sua opinião a respeito!

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