O “ateísmo” humanitário de Soul – Crítica

O novo filme da Disney e Pixar, Soul, traz um discurso interessante. Várias reflexões permeiam o filme, isto faz com que pensemos em como estamos levando nossas vidas.

O filme é sobre um músico de Jazz de meia idade. Além de dar aulas de música na escola, Joe (Jamie Foxx) sonha em fazer parte de uma verdadeira banda de improvisação.

Quando a oportunidade de sua vida aparece, ele é transportado para outra dimensão. Sem querer admitir sua realidade atual, ele entrará numa aventura épica, e com a ajuda de 22 (Tina Fey) tentará voltar para a Terra.

A história original é de Pete Docter, com a colaboração no roteiro de Mike Jones e Kemp Powers. Docter e Powers dirigem o longa, o que faz de Powers o primeiro co-diretor afro-americano da Pixar.

O filme não poderia estar em melhores mãos. Docter é um criador experiente: Toy Story, Monstros S.A., WALL-E, UP e Divertida Mente. Mesmo assumindo a direção criativa de toda Pixar, ele estava empenhado em terminar este projeto pessoal.

O resultado é um filme divertido que nos faz pensar de forma leve sobre as questões mais profundas da vida. E isso é muito acertado no longa.

Os temas de Soul

Você pode ser feliz, mesmo se não conseguiu seguir seu sonho.

Soul é ousado por apresentar um mundo sobrenatural diferente do que grande parte da sociedade américa (e brasileira) tem como certo. Sem alguém “todo poderoso” que traçaria um plano de vida para você seguir, o filme propõe uma abordagem mais humanista sobre o sentido da vida.

O que em primeiro lugar pensei ser minha profissão. Aliás, a história me levou a pensar dessa forma. O que é valido, já que esse é o pensamento atual vigente.

Mas Soul vai além, mostrando que sua profissão pode ser sua missão (ou propósito), ou um sonho que você tem desde criança. O que é “libertador” é que mesmo quem não conseguiu ser astronauta (ou veterinário, como um personagem do filme) consegue achar felicidade na vida.

A vida não é um código rígido de apenas um caminho, mas uma verdadeira mistura de possibilidades. O mais importante é você ver beleza nos detalhes pequenos, médios e grandes.

Soul encerra essa questão com o seu final.

Divertido e criativo

Essa é uma alma imaginada pela Pixar. Os animadores trabalharam sobre vários conceitos e chegaram neste resultado.

Soul é um “ateísmo” humanitário. Para mim isso nunca foi contraditório, mas se faz necessário destacar nos dias de hoje. A criatividade que os criadores acharam para responder nossas dúvidas insaciáveis se encaixou perfeitamente.

Aqui uso ateísmo no sentido de negar a existência de um deus criador de todas as coisas. Já que sabemos que o Ateísmo é cético sobre toda existência de uma realidade sobrenatural.

Ao ver os Zé’s (seres bidimensionais que são a soma de todos os campos quantizados do universo) me lembrei de um famoso vídeo de Carl Sagan. Nesse vídeo, o cientista tenta explicar como seres de outras dimensões poderiam se apresentar para nós humanos.

O Pré-Vida tenta mostrar nossa personalidade sendo criada antes do nascimento. Esse é o ponto que não concordo com o filme. Já que muito de nossa personalidade é moldada por uma mistura de sociedade, cultura, educação, religiosidade, etc.

Vale a pena?

Sim, vale a pena!

Soul é uma viagem na dinâmica social-espiritual. Equilibra momentos de música, tensão e risadas na medida certa. É o resultado de anos de aprimoramento da fórmula Pixar.

Mesmo assim é inovador. Tanto com seus personagens como por seus temas profundos.

Não é o mais emocionante do estúdio, mas mostra o quanto a Disney continua criativa e produzindo em alto nível.

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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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