Por Dentro da Tela

Rainer Werner Fassbinder e o Novo Cinema Alemão

Rainer Werner Fassbinder foi um diretor de cinema e ator, considerado um dos mais importantes representantes do Novo Cinema Alemão.

Durante sua carreira, dirigiu mais de 43 filmes incluindo dois curta-metragens e a minissérie “Berlim Alexanderplatz”, de quinze horas e meia.

Sua disciplina intensa e energia criativa fenomenal ao trabalhar possibilitaram que ele fizesse, em média, um filme a cada cem dias, ao contrário dos excessos de relacionamentos destrutivos da sua vida pessoal com as pessoas que ele atraiu.

Fassbinder era assumidamente bissexual e retratava isso em suas obras temáticas.

Da mesma forma, a solidão, o medo, o desespero, uma angústia, uma busca pela própria identidade e o amor não correspondido também eram retratados recorrentemente em seus filmes.

Sua morte, considerada um marco do fim do Novo Cinema Alemão, se deu em virtude de uma overdose de cocaína e barbitúricos no auge de seus trinta e sete anos.

O estilo filmográfico de Rainer Werner Fassbinder

Lola (1981).

O estilo de Fassbinder era considerado por muitos como eclético.

Desse modo, variava entre o clássico, barroco, realista, alegórico, expressionista e moderno, não exclusivamente no conjunto de sua filmografia, mas também cada filme em particular.

Em seus filmes, aspectos que eram frequentemente possíveis identificar são:

A crítica o considerava o diretor mais louco, genial e prolífico da história do cinema.

Por ser extremamente tímido e se considerar feio, seus filmes traziam tentativas explícitas de conquistar alguém através das câmeras.

Ele foi co-criador do Antiteatro, um coletivo de atores que chamou a atenção por suas produções anticonvencionais.

Além disso, foi co-fundador da Filmverlag der Autoren e ajudou a criar a sociedade produtora Tango Film.

Aceitou por pouco tempo em 1974 a direção do Theater am Turm, em Frankfurt.

Neste contexto, seu amigo e colaborador Harry Baer falou de “uma vida sem fôlego” e citou-o dizendo “posso dormir quando estiver morto”.

Cinco principais direções de Rainer Werner Fassbinder

1 – Berlin Alexanderplatz (1980)

A minissérie de televisão foi adaptada do romance homônimo de Alfred Doblin.

Originalmente transmitida em 1980, ela possui ao todo 15 horas e meia de duração.

A série conta, ao longo de seus episódios, a história de Franz Biberkopf, que é libertado da prisão no final da década de 1920 em Berlim e promete seguir sua vida de maneira íntegra.

Contudo, ele se envolve no submundo do crime.

A princípio, o roteiro foi escrito para ser de fato um filme de 16 horas, mas foi convertido posteriormente em série.

2 – O Medo Consome a Alma (1973)

A importância da tolerância em “O Medo Consome a Alma”.

Esta obra é considerada fundamental no que se diz à tolerância por discutir a liberdade e o racismo intrínseco nas pessoas.

Na história, uma viúva de 60 anos entra em um bar de Munique para escapar da chuva.

Então, é convidada por Ali, um negro muçulmano e 20 anos mais novo que ela, para dançar.

Posteriormente, Emmi convida Ali para passar a noite em seu apartamento e os dois começam a namorar.

Mas todos à sua volta questionam e desprezam o relacionamento de ambos.

O filme foi uma refilmagem da obra de Douglas Sikr, uma grande influência na vida de Fassbinder.

Ganhou o melhor filme no festival de Chicago de 1974.

3 – O casamento de Maria Braun (1978)

Famoso por dar início à “Trilogia da Alemanha Ocidental”, esse filme é certamente o mais conhecido dentre o portfólio de Fassbinder.

A trama conta a história de Maria, que se casa com Hermann, um soldado alemão em meio a Guerra.

Eles têm uma noite juntos antes que ele volte para o front de batalha.

Ele então desaparece em combate, mas Maria se recusa a acreditar em sua morte. Vivendo a espera de seu marido, arruma um emprego em um Cabaré como meio de sobreviver sozinha.

Nesse meio tempo, Maria se envolve com um soldado norte-americano.

O humor ácido e trágico do final é a coroação da obra e a forma que o diretor encontrou para contornar uma pequena barreira expressa pelos produtores.

4 – Lola (1981)

O segundo filme da “Trilogia da Alemanha Ocidental” se passa dez anos depois da guerra.

No momento, a economia da Alemanha Ocidental estava começando a superar as consequências da guerra e crescer de maneira próspera.

Então, chega Herr, um novo comissário de obras comprometido, mas honesto em uma cidade anônima e corrupta.

Ele se apaixona por Marie-Louise, mas não percebe que ela também é Lola, uma cantora em um bordel e amante de Schuckert, um construtor local cujos lucros dependem dos projetos de Herr.

Schuckert passa, então, a usar a mulher para conseguir a aprovação de seu projeto.

O objetivo de Fassbinder neste filme era criticar o milagre econômico alemão ocorrido durante o governo do chanceler Konrad Adenauer.

Ele rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Barbara Sukowa no Festival de Munique de 1981.

5 -O Desespero de Verônika Voss (1982)

O terceiro e último filme da “Trilogia da Alemanha Ocidental” é baseado na trágica carreira da atriz alemã Sybille Schmitz e tem semelhanças com a obra de Billy Wilder, “Crepúsculo dos Deuses”.

Passada em Munique em 1955, na história, um locutor esportivo conhece a atriz Veronika Voss.

Esta era uma antiga estrela da UFA, a empresa cinematográfica da Alemanha Nazista.

Ele começa a investigar o seu passado para fazer uma reportagem sobre artistas de cinema decadentes, e então descobre que ela é viciada em morfina.

O diretor optou por filmar em preto-e-branco como forma de acentuar o estado de espírito da personagem principal.

Sendo assim, uma luz branca forte frequentemente é colocada sobre o rosto da atriz para ampliar a palidez, sugerindo ser Veronika uma espécie de “fantasma do passado”.

Fassbinder aparece rapidamente na cena inicial na sala de cinema, sentado numa poltrona atrás de Veronika Voss.

O filme rendeu a Rosel Zech o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Munique de 1984.

Créditos Finais

Você ficou com vontade de assistir algum filme do diretor? Deixe nos comentários!

Se inscreva também no canal do Por Dentro da Tela para mais conteúdo!

Sair da versão mobile