Rainer Werner Fassbinder foi um diretor de cinema e ator, considerado um dos mais importantes representantes do Novo Cinema Alemão.
Durante sua carreira, dirigiu mais de 43 filmes incluindo dois curta-metragens e a minissérie “Berlim Alexanderplatz”, de quinze horas e meia.
Sua disciplina intensa e energia criativa fenomenal ao trabalhar possibilitaram que ele fizesse, em média, um filme a cada cem dias, ao contrário dos excessos de relacionamentos destrutivos da sua vida pessoal com as pessoas que ele atraiu.
Fassbinder era assumidamente bissexual e retratava isso em suas obras temáticas.
Da mesma forma, a solidão, o medo, o desespero, uma angústia, uma busca pela própria identidade e o amor não correspondido também eram retratados recorrentemente em seus filmes.
Sua morte, considerada um marco do fim do Novo Cinema Alemão, se deu em virtude de uma overdose de cocaína e barbitúricos no auge de seus trinta e sete anos.
O estilo filmográfico de Rainer Werner Fassbinder
O estilo de Fassbinder era considerado por muitos como eclético.
Desse modo, variava entre o clássico, barroco, realista, alegórico, expressionista e moderno, não exclusivamente no conjunto de sua filmografia, mas também cada filme em particular.
Em seus filmes, aspectos que eram frequentemente possíveis identificar são:
- Personagens femininos inesquecíveis;
- Cinema gay e personagens homossexuais;
- Retrato da Alemanha durante e pós-guerra;
- Desdobramento das personalidades;
- O tratamento diferenciado de som.
A crítica o considerava o diretor mais louco, genial e prolífico da história do cinema.
Por ser extremamente tímido e se considerar feio, seus filmes traziam tentativas explícitas de conquistar alguém através das câmeras.
Ele foi co-criador do Antiteatro, um coletivo de atores que chamou a atenção por suas produções anticonvencionais.
Além disso, foi co-fundador da Filmverlag der Autoren e ajudou a criar a sociedade produtora Tango Film.
Aceitou por pouco tempo em 1974 a direção do Theater am Turm, em Frankfurt.
Neste contexto, seu amigo e colaborador Harry Baer falou de “uma vida sem fôlego” e citou-o dizendo “posso dormir quando estiver morto”.
Cinco principais direções de Rainer Werner Fassbinder
1 – Berlin Alexanderplatz (1980)
A minissérie de televisão foi adaptada do romance homônimo de Alfred Doblin.
Originalmente transmitida em 1980, ela possui ao todo 15 horas e meia de duração.
A série conta, ao longo de seus episódios, a história de Franz Biberkopf, que é libertado da prisão no final da década de 1920 em Berlim e promete seguir sua vida de maneira íntegra.
Contudo, ele se envolve no submundo do crime.
A princípio, o roteiro foi escrito para ser de fato um filme de 16 horas, mas foi convertido posteriormente em série.
2 – O Medo Consome a Alma (1973)
Esta obra é considerada fundamental no que se diz à tolerância por discutir a liberdade e o racismo intrínseco nas pessoas.
Na história, uma viúva de 60 anos entra em um bar de Munique para escapar da chuva.
Então, é convidada por Ali, um negro muçulmano e 20 anos mais novo que ela, para dançar.
Posteriormente, Emmi convida Ali para passar a noite em seu apartamento e os dois começam a namorar.
Mas todos à sua volta questionam e desprezam o relacionamento de ambos.
O filme foi uma refilmagem da obra de Douglas Sikr, uma grande influência na vida de Fassbinder.
Ganhou o melhor filme no festival de Chicago de 1974.
3 – O casamento de Maria Braun (1978)
Famoso por dar início à “Trilogia da Alemanha Ocidental”, esse filme é certamente o mais conhecido dentre o portfólio de Fassbinder.
A trama conta a história de Maria, que se casa com Hermann, um soldado alemão em meio a Guerra.
Eles têm uma noite juntos antes que ele volte para o front de batalha.
Ele então desaparece em combate, mas Maria se recusa a acreditar em sua morte. Vivendo a espera de seu marido, arruma um emprego em um Cabaré como meio de sobreviver sozinha.
Nesse meio tempo, Maria se envolve com um soldado norte-americano.
O humor ácido e trágico do final é a coroação da obra e a forma que o diretor encontrou para contornar uma pequena barreira expressa pelos produtores.
4 – Lola (1981)
O segundo filme da “Trilogia da Alemanha Ocidental” se passa dez anos depois da guerra.
No momento, a economia da Alemanha Ocidental estava começando a superar as consequências da guerra e crescer de maneira próspera.
Então, chega Herr, um novo comissário de obras comprometido, mas honesto em uma cidade anônima e corrupta.
Ele se apaixona por Marie-Louise, mas não percebe que ela também é Lola, uma cantora em um bordel e amante de Schuckert, um construtor local cujos lucros dependem dos projetos de Herr.
Schuckert passa, então, a usar a mulher para conseguir a aprovação de seu projeto.
O objetivo de Fassbinder neste filme era criticar o milagre econômico alemão ocorrido durante o governo do chanceler Konrad Adenauer.
Ele rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Barbara Sukowa no Festival de Munique de 1981.
5 -O Desespero de Verônika Voss (1982)
O terceiro e último filme da “Trilogia da Alemanha Ocidental” é baseado na trágica carreira da atriz alemã Sybille Schmitz e tem semelhanças com a obra de Billy Wilder, “Crepúsculo dos Deuses”.
Passada em Munique em 1955, na história, um locutor esportivo conhece a atriz Veronika Voss.
Esta era uma antiga estrela da UFA, a empresa cinematográfica da Alemanha Nazista.
Ele começa a investigar o seu passado para fazer uma reportagem sobre artistas de cinema decadentes, e então descobre que ela é viciada em morfina.
O diretor optou por filmar em preto-e-branco como forma de acentuar o estado de espírito da personagem principal.
Sendo assim, uma luz branca forte frequentemente é colocada sobre o rosto da atriz para ampliar a palidez, sugerindo ser Veronika uma espécie de “fantasma do passado”.
Fassbinder aparece rapidamente na cena inicial na sala de cinema, sentado numa poltrona atrás de Veronika Voss.
O filme rendeu a Rosel Zech o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Munique de 1984.
Créditos Finais
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