Famosa como líder do novo cinema alemão, Margarethe von Trotta é uma diretora, roteirista e atriz de cinema. O seu trabalho no cinema é extenso e recebeu uma série de prêmios em festivais de vários países.
Além disso, é uma das diretoras mais feministas de hoje em dia, pois o seu maior intuito é criar novas representações da mulher moderna em seus filmes. Ficou interessado para conhecer mais sobre essa figura importante do cinema? Continue a leitura!
Margarethe von Trotta e os passos no cinema
Margarethe von Trotta nasceu em 1942, em Berlim, quando a Segunda Guerra Mundial estava no ápice. Filha do pintor Alfredo Roloff, Margarethe passou a sua infância em Düsseldorf, porém, mudou-se para Paris no início dos anos 60.
Em Paris, ainda jovem, Margarethe iniciou o seu trabalho na indústria do cinema, onde colaborou em alguns roteiros e co-dirigiu curtas. Em 1967, começou a atuar como atriz de cinema, e apareceu em filmes de Rainer Werner Fassbinder e Volker Schlöndorff.
Margarethe foi um atriz de destaque, tendo atuado em mais de 15 filmes na época, contudo, também teve de lidar com o preconceito. As mulheres não eram vistas como diretoras ou capazes de dirigir um filme sério.
Em 1968, casou-se com o diretor Volker Schlöndorff, e juntos trabalharam em uma série de filmes na turbulenta década de 70 na Alemanha. Mas, por volta de 1991, o casal veio a se divorciar.
Então, Margarethe estabeleceu a sua carreira solo em 1977, que foi um enorme sucesso com O Segundo Despertar de Christa Klages. Em 1981, obteve êxito pela crítica e público com o Os Anos de Chumbo, vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Logo, tornou-se a diretora alemã de maior projeção nacional no período após a Segunda Guerra Mundial. A partir de então, a diretora construiu uma carreira longa e premiada por mais de 40 anos.
Grandes filmes da carreira de Margarethe von Trotta
O cinema de Margarethe von Trotta tem um foco nos grandes temas ligados a política da Alemanha entre o século XX. Com destaque entre a Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial e até a divisão do país causada pelo Muro de Berlim.
Tais assuntos são sempre retratados por sua ótica sensível e giram em torno de personagens femininas fortes. O modo engenhoso com o qual retrata a política em suas obras também serve como cenário de fundo para dramas mais pessoais e, por vezes, existenciais.
É nítido que o psicológico dessas personagens estão marcados por esses acontecimentos do cenário político da Alemanha. A conexão que existe em meio a crise política e problemas pessoais são ligados de forma brilhante por Trotta.
Em grande parte de seus filmes, as suas personagens principais têm uma forte ligação de amizade ou de amor. Como é o caso de uma personagem cheia de angústia que busca por conforto, conselhos e ser compreendia por laços mais íntimos para aliviar os seus problemas.
Esse alívio vem, na maioria das vezes, da ligação entre uma amiga, irmã, mãe, etc. Sendo assim, a maioria de suas personagens são mulheres de sua geração que tiveram uma conscientização política no final da década de 40.
Onde passaram a refletir mais a respeito dos princípios da sociedade, bem como o papel que elas recebem e que já não mais aceitam. São figuras complexas e muito diferentes do estereótipo de típicas heroínas.
São, na verdade, mulheres reais, mulheres comuns e palpáveis, que buscam encontrar o seu próprio caminho, enquanto enfrentam um mundo hostil e machista, dominado por homens.
Sendo assim, confira logo abaixo alguns dos principais filmes da carreira de Margarethe von Trotta!
Hannah Arendt – Ideias Que Chocaram o Mundo (2012)
Hanna Arendt é uma filósofa que foge junto do marido do campo de concentração nazista. Ambos buscam refugio na América e, após alguns anos, Hanna é chamada para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, onde passa a escrever reportagens sobre a relação dos alemães e judeus durante a guerra.
Rosa Luxemburgo (1986)
Rose Luxemburgo foi uma militante marxista, um dos maiores nomes do partido socialdemocrata alemão. Em meados de 1915, ela decide romper com a sigla, pois esta apoiou a participação da Alemanha durante a Primeira Guerra.
Os Anos de Chumbo (1981)
Juliane e Mariane são filhas de um pastor protestante, porém, ambas se veem cada vez mais longe das crenças de seus pais, para lutar a favor dos direitos das mulheres. Juliane vira uma jornalista focada, já Mariane acaba por fazer parte de uma organização terrorista.
Após Mariane ser presa, Juliane passa a ajudar sua irmã, embora cada uma tenha escolhido caminhos diferentes e tenham opiniões divergentes.
A Hora Perdida de Katharina Blum (1975)
Após ter tido um encontro casual com Ludwig Götten, a polícia invade o apartamento de Katharina Blum e a leva presa. A mulher passa a ser suspeita de estar ligada com um dos maiores terroristas do país.
Dessa forma, Werner Töetges é uma repórter que decide cobrir o caso de Katharina, que acaba sendo uma grande polêmica no país.
As Mulheres de Rosenstrasse (2003)
Hanna é uma jovem judia que, após a morte de seu pai em Nova York, passa a preocupar-se com a sua mãe e o seu jeito estranho. O mistério passa a crescer quando uma prima distante surge.
A garota mostra uma foto da mãe de Hanna quando ainda era criança, ao lado de uma mulher que a ajudou a fugir da Alemanha durante a guerra. Decidida a revelar os mistérios a respeito da infância de sua mãe, Hanna vai até à Berlim.
Créditos Finais
Não há dúvidas de que Margarethe von Trotta é um figura de grande importância para o Novo Cinema Alemão. Além de também ser uma figura de prestígio para a luta feminista, com suas personagens à frente de seus tempos.
Até hoje, suas obras servem como inspiração para muitos outros trabalhos, diretores e pessoas. Por fim, você já conhecia essa diretora? Já assistiu algum de seus filmes? Qual a sua opinião? Não esqueça de deixar o seu comentário!