Gregg Araki e o Novo Cinema Queer

O cinema de Gregg Araki pode ser descrito em três palavras: queer, alien e jovem. O diretor venceu o Queer Palm, do Festival de Cannes, e é possível ver em suas obras certa influência da cultura adolescente LGBTQIA+ de sua época.

Com a visibilidade que esse assunto ganha, os trabalhos desse diretor também se tornam mais vistos. Portanto, caso queira conhecer mais sobre o cineasta e as suas obras relevantes, continue lendo!

Gregg Araki e a visibilidade do tema Queer no cinema

Gregg Araki nasceu no dia 17 de dezembro de 1959, em Los Angeles. Filho de país nipo-americanos, ele cresceu na cidade vizinha, Santa Bárbara, onde entrou na Universidade da Califórnia.

Após formar-se por volta de 1982, ele frequentou a Escola de Artes Cinematográficas da Universidade da Califórnia, onde formou-se em 1985. O cineasta começou então a realizar pequenos curtas.

Em 1987, fez sua estreia no cinema com o filme de baixo orçamento e feito com uma câmera fixa, Three Bewildered People in the Night. Cerca de dois anos depois, Araki lançou outro filme de baixo orçamento.

Embora os seus filmes tenham sido feitos de forma “espontânea” e com pouco orçamento, sempre obteve um bom desempenho na crítica. Sendo assim, Araki acabou por conquistar alguns prêmios e indicações de festivais do cinema.

Mas, o diretor passou a ter mais fama no cinema e no movimento Queer com os seus próximos três filmes, que foram chamados de Teen Apocalypse Trilogy. Onde Akari exibe a sua versão da juventude nos anos 90 dos Estados Unidos.

Teen Apocalypse Trilogy

James Duval em Totally F***ed Up (1993), o primeiro filme da Teen Apocalypse Trilogy. Os outros são Geração Maldita (1995) e Estrada para Lugar nenhum (1997). Os três são sgiram em torno do personagem Andy.

Com violência, sexo e cenários que parecem frutos de algum clipe da MTV da época. Inclusive, Akari fez um piloto para o canal, mas nunca foi ao ar, de fato.

Os seus trabalhos logo passaram a ser associados com o movimento New Queer Cinema. Esse terno é usado para classificar os filmes com temas que são vistos como queer, um adjetivo que busca definir aqueles que não se encaixam nas ideias convencionais sobre gênero ou sexualidade.

Dessa forma, é possível definir o New Queer Cinema, como um movimento político que busca resistir aos movimentos conservadores. Com protagonistas do grupo LGBTQIA+ e que trazem críticas as noções de heteronormatividade vigentes.

Essa trilogia permitiu que o diretor trabalhasse cada vez mais com nomes notáveis do cinema, além de ganhar mais reconhecimento entre o público e a crítica. Porém, foi em 2010, com o seu trabalho Kaboom, que Akari conquistou o Queer Palm, no Festival de Cannes.

Entre as suas últimas obras, Gregg Araki dirigiu episódios para as séries 13 Reasons Why, Riverdale e Heathers.

Os filmes mais famosos de Gregg Araki

Nas obras de Gregg Araki, é possível notar influências de clipes e a subcultura adolescente LGBTQIA+. Mas, os seus filmes vão muito além dessa temática, pois retratam de uma forma um tanto quanto irônica, a violência e a cultura de consumo da juventude na época.

Ao passo que a maioria dos programas direcionados aos adolescentes repercutiam a ideia de que era bacana ser diferente. Porém, muitos dos jovens que, de fato, não se encaixavam no padrão e faziam parte de grupos como LGBTQIA+, ainda se sentiam excluídos.

Dessa forma, não era como se eles realmente estivessem sendo representados pela cultura da mídia jovem. Com isso em mente, Gregg Araki busca sempre retratar melhor esse tema, deixando de lado os estereótipos e aprofundando-se na abordagem.

Apesar de sua trilogia ter sido produzida na década de 90, ela ainda tem pontos que funcionam muito bem nos dias de hoje. Afinal, os seus assuntos são bem atuais, incluindo o machismo, LGBTfobia, heteronormatividade, etc.

Além do tema que é atual, os seus filmes também possuem uma estética que é considerada como inovadora e que tem servido como base para o cinema alternativo. Portanto, confira a seguir quais são os principais filmes do diretor!

Mistérios da Carne (2004)

Um menino acorda com vários machucados, mas não consegue lembrar-se de nada do que aconteceu. Com o passar do tempo, ele acredita que foi abduzido por alienígenas e, além disso, também se descobre gay, quando acaba se tornando um garoto.

Ele então viaja para Nova York, onde um antigo colega de escola procura por ele, pois acredita que tem pistas sobre o que aconteceu há muito tempo atrás.

Geração Maldita (1995)

Essa aventura é muito alucinógena e psicodélica e mostra uma relação conturbada e violenta entre os jovens Amy Blue, Jordan White, o seu namorado ingênuo e Xavier Red, um amigo que só consegue pensar em sexo.

O grupo parte em uma viagem sem rumo após Xavier explodir a cabeça de um balconista.

Kaboom (2010)

Smith é aquele jovem universitário bem típico que gosta de festas, drogas e sexo. Porém, ele começa a ter sonhos que giram em torno de duas mulheres belas que acaba conhecendo na vida real.

Uma delas é a morena exatamente dos seus sonhos, no entanto, a ruiva misteriosa diz que está sendo seguida por assassinos. Smith então fica na dúvida se a situação é, de fato, verdadeira ou se é apenas efeito das drogas.

Totally F***ed Up (1993)

Um grupo de adolescentes de gays e lésbicas de Los Angeles estão vivendo uma fase ruim em ruas vidas. Até que um deles decide gravar um documentário a partir de suas próprias perspectivas e vidas disfuncionais.

O resultado é uma apresentação de um grande retrato sobre uma geração perdida e desiludida em relação ao mundo.

Estrada para Lugar Nenhum (1997)

Enquanto um grupo de jovens tentam solucionar os problemas de suas vidas, uma série de situações inusitadas ocorrem. Desde viagens alucinógenas até rapto por alienígenas, experiências bissexuais, violência, mortes e várias outras situações bizarras.

Créditos Finais

O cinema precisa de mais representatividade, isso é fato. Porém, ainda que sejam poucos os diretores que retratam temas importantes como o Gregg Araki, que se tornou um dos grandes nomes do New Queer Cinema.

A boa notícia é que cada vez mais esses temas têm sido aclamados e buscados entre o público. Por fim, você já conhecia os filmes do diretor? Qual a sua opinião sobre as suas obras? Não esqueça de compartilhar o seu comentário conosco!

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