A Netflix errou ao humanizar Jeff Dahmer? Será que ela precisava falar com os familiares antes de fazer a série? E por que o gênero de true crime está tão em alta ultimamente?
A série da Netflix que retrata a vida e os assassinatos de Jeff Dahmer já é a segunda produção mais assistida da plataforma no mundo todo! Acumulando 701 milhões de horas assistidas.
A série só ficou atrás da quarta temporada de Stranger Things.
Toda essa visibilidade da Netflix a torna muita mais visada, tanto para elogios como para críticas. É por isso, por exemplo, que assuntos como “humanização do criminoso” e “romantização de serial killers” estão em alta.
Como a Netflix trabalhou a história
A Netflix, com dez episódios, se propôs a mostrar como Dahmer cresceu e como o sistema possibilitou que ele continuasse impune.
Isso fica claro quando a polícia quase pegou Dahmer algumas vezes mas, por conta, principalmente, de um racismo estrutural, ele foi escapando “por pouco” e assim fazendo mais vítimas. Nisso a série acertou.
Outra coisa que, na minha opinião, a série acertou, foi na humanização de Jeff Dahmer.
É importante mostrar que assassinos não vieram do nada, mas sim do seio da sociedade. Ou seja, convivem com a gente, vão às mesmas escolas, frequentam os mesmo lugares…
Isso mostra que nós como sociedade (e principalmente os Estados Unidos), muitas vezes negligenciamos pequenos transtornos que lá na frente se tornam grandes problemas!
É claro que Dahmer é o maior culpado dessa história, mas não consigo deixar de enxergar uma pequena parcela de culpa da sociedade e da família.
Eu sei, isso é amargo, mas precisa ser motivo de reflexão para que juntos possamos buscar mecanismos que previnam ao máximo que isso aconteça novamente.
Por outro lado, o gênero de true crime tem um grande papel, que eu enxergo, hoje em dia. Por uma lado, humanizar o criminoso e do outro humanizar a vítima.
A Netflix, ou melhor, os criadores Ian Brennan e Ryan Murphy só acertaram na humanização das vítimas no episódio 6.
O episódio 6 mostra uma construção mais interessante entre Tony Hughes e Jeff Dahmer.
Conseguimos entender, e nos colocar no lugar da família de Hughes, o quanto essa perda foi dolorosa. Porque justamente, colocou a vitima como tendo sonhos, desejos, enfim, uma vida.
Para mim, quando as outras vitimas são reduzidas a “um homem gay, negro, da balada”, isso desrespeita demais a memória deles.
E talvez seja por isso que uma das famílias (ou talvez todas) não estejam satisfeitas com mais uma produção sobre estes acontecimentos.
A solução, talvez, fosse dedicar mais tempo às histórias de vida das vítimas.
O gênero de true crime
O crescimento do gênero de true crime, que pode significar numa tradução como “crime real”, se deve ao fato das pessoas terem curiosidades sobre estas histórias. Tanto para entenderem as motivações, como para analisarem o comportamento humano.
A vida de Jeff Dahmer, por exemplo, já virou podcast, documentários, quadrinho e filmes.
Um filme, por exemplo, que até complementa a série da Netflix é My Friend Dahmer ou O Despertar de Um Assassino, de 2017. O filme é baseado na HQ criada por John Backderf que teve um certo nível de convivência com Dahmer no ensino médio.
O filme ajuda a entender que Dahmer não era completamente sozinho na adolescência, mas também não dá para dizer que eles eram amigos.
Esse filme adapta alguns acontecimentos, colocando o próprio John Backderf em algumas cenas que ele não estão nas HQs.
Em My Friend Dahmer vemos como a “taxidermia” e uma sexualidade reprimida começavam a borbulhar em Dahmer. Mas não só isso, o ambiente familiar também não ajudava.
Concluindo
Mas eu quero saber a sua opinião. Você gostou da série? Achou que a Netflix acertou ou desrespeitou as famílias das vítimas? Deixe nos comentários!
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