Por Dentro da Tela

Carl Dreyer | Cinema influente do mudo ao sonoro

Carl Dreyer é o diretor mais importante do cinema dinamarquês, assim como na história do cinema em geral, sendo considerado um dos maiores cineastas de todos os tempos.

Dreyer dirigiu 14 longas e 8 curtas ao longo de sua vida, enquanto também trabalhava em vários projetos que nunca foram realizados.

Incluindo o filme “A Paixão de Cristo”, no qual ele ainda estava trabalhando antes de falecer.

É provável que você já tenha visto ou ouvido falar sobre algum de seus filmes que são considerados grandes clássicos do cinema, como por exemplo, “O Martírio de Joana D’Arc”.

Mas, caso ainda não esteja familiarizado com o trabalho do cineasta, continue lendo este artigo para conhecer um pouco mais sobre ele, e quais são as suas grandes obras cinematográficas.

Quem foi Carl Dreyer?

Carl Theodor Dreyer em A Palavra (1955)

O cineasta nasceu no dia 3 de fevereiro de 1889, na cidade de Copenhague, Dinamarca.

Originalmente batizado como Karl Nielsen, era filho bastardo de uma empregada sueca e seu patrão, e foi abandonado em um orfanato dois anos após o seu nascimento.

Posteriormente foi adotado pelo casal Dreyer, que o registraram com o nome de seu pai adotivo, Carl Theodore Dreyer.

A infância do cineasta não foi nada fácil, pois os pais adotivos do garoto eram luteranos, e por isso, Carl foi criado com severidade, sob um forte senso religioso.

Além do mais, constantemente lembravam a Carl que ele deveria sentir-se agradecido por ter um lar e comida.

Na escola foi considerado um aluno exemplar, e ao completar os estudos, abandonou a sua família adotiva para começar a trabalhar em um escritório.

Foi por volta de 1908 que ele conheceu sua futura esposa, Ebba Larsen. Eles se casaram em 19 de novembro de 1911.

Dreyer só ficou sabendo sobre suas origens quando já estava na idade adulta, assim sendo, foi à Suécia a procura de sua família biológica.

Ele conseguiu encontrar a irmã e o tio de sua mãe, no entanto, não manteve contato com eles.

O primeiro contato com a indústria cinematográfica

De volta a Copenhague, ele seguiu carreira como jornalista, dedicando-se a esse trabalho com vigor e entusiamo, fundando em 1910 o jornal Riget.

Foi seu trabalho como jornalista que o levou a ter relações com uma empresa de aviação. O cineasta ficou tão fascinado que ele próprio teve algumas aulas de vôo.

Consequentemente, os conhecimentos técnicos que Dreyer adquiriu sobre aviação, fizeram-no trabalhar para a Nordisk Film, atuando como consultor técnico de balões de ar quente.

Somente então passou a interessar-se pelo cinema.

Esse relacionamento com a indústria cinematográfica dinamarquesa o levou a trabalhar escrevendo títulos e legendas e, eventualmente, Dreyer assinou um contrato com a Nordisk Film, passando a escrever roteiros.

Do cinema mudo ao sonoro

O Presidente (1919)

Em 1918, o cineasta realizou o seu primeiro filme como diretor, o drama intitulado “O Presidente“, baseado em um romance do escritor austríaco Karl Emil Franzos.

Entretanto, os filmes de Dreyer foram considerados sombrios para a época, e por isso, a Nordisk Film desistiu dos projetos do cineasta.

Com o sucesso de “O Amo da Casa”, Dreyer foi contratado por uma produtora francesa.

De 1926 a 1931, o cineasta viveu com sua família em Paris, onde fez seu filme mais conhecido, a aclamada obra-prima do cinema mudo “O Martírio de Joana D’Arc” (1928).

Ainda na França, com a chegada do cinema sonoro, Dreyer dirigiu o seu primeiro filme com som em 1932, “O Vampiro”, no entanto, foi um fracasso nas bilheterias.

De volta à Dinamarca, o cineasta dirigiu uma série de curta-metragens entre 1930 e 1940, além de ter realizado alguns documentários como jornalista.

Então, a Segunda Guerra Mundial eclodiu, e Carl teve que esperar dez anos para dirigir o filme que o consagraria definitivamente na história do cinema.

A Palavra” de 1955, se tornou um grande sucesso entre os críticos e o público dinamarqueses, e sendo considerada por muitos como sua obra-prima máxima.

O filme também foi um grande sucesso internacional, rendendo ao cineasta um Leão de Ouro do Festival de Veneza por melhor filme, e um Globo de Ouro por melhor filme estrangeiro.

A última obra do cineasta foi “Gertrud”, de 1964. Na época do lançamento, o filme foi duramente criticado e gerou muita polêmica, mas, atualmente é considerado como uma de suas grandes obras cinematográficas.

Dreyer faleceu no dia 20 de março de 1968, aos 79 anos. Deixou para trás sua esposa, dois filhos e os seus trabalhos que continuam fascinando estudiosos e cinéfilos do mundo todo.

As 5 maiores obras de Carl Dreyer

A seguir está uma lista com os títulos mais conhecidos e aclamados do cineasta dinamarquês.

Principais temas tratados em seus filmes

O cineasta dinamarquês Carl Theodor Dreyer afirmou uma vez que não faz nada para agradar o público.

E, portanto, abordava explicitamente temas como a intolerância, religião, e a luta constante das mulheres que viviam sob uma sociedade patriarcal.

Mesmo Dreyer tendo dito que sua infância não influenciou os seus filmes, muitos estudiosos de cinema acreditam que esse seja um reflexo de sua dura infância, que o teria marcado profundamente.

Assim sendo, os filmes de Dreyer são baseados em um forte senso humanitário, com uma verossimilhança absoluta, e preenchidos com uma empatia única.

Suas obras tornaram-se atemporais, e ainda hoje, são constantemente estudadas e homenageadas.

Créditos Finais

Carl Theodor Dreyer em Dias de Ira (1943)

Em suma, podemos concluir que, os filmes de Carl Dreyer tornaram-se grandes obras-primas da história do cinema.

Definitivamente inspirou e influenciou outras gerações de famosos cineastas, como o também dinamarquês Lars von Trier, que assumiu ser discípulo de Dreyer.

Apesar de ter obtido sucesso em sua época, Dreyer e os seus filmes tornaram-se ainda mais conhecidos e prestigiados com o passar dos anos.

Mesmo os filmes que foram considerados fracassos, se tornaram grandes sucessos hoje em dia.

E, atualmente, suas obras são mundialmente difundidas. Conquistando milhares de fãs ao redor do globo.

Portanto, não é de se admirar que seja considerado como um dos maiores cineastas de todos os tempos.

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