Por Dentro da Tela

Bicho de Sete Cabeças e sua importância para o cinema

Bicho de Sete Cabeças é um dos filmes nacionais mais importantes dos anos 2000.

O filme é sobre Neto, um jovem que não se identifica com seus pais. Até que um dia, depois de seu pai achar drogas em suas roupas, decide interná-lo num hospital psiquiátrico.

No artigo de hoje investiguei a importância deste filme para o cinema nacional.

O sucesso do filme

O filme é estrelado por Rodrigo Santoro. Anos mais tarde, em entrevista, o ator revelou que naquela época estava procurando um projeto de longa metragem que mostrasse todo seu potencial artístico.

Isso foi benéfico para o ator, já que Bicho de Sete Cabeças fez um grande sucesso nos circuitos de cinema, tanto no Brasil como no exterior.

No Brasil, o filme foi o grande vencedor do Festival de Brasília e do Festival do Recife. No exterior ganhou prêmios na Colômbia, no Equador, na França e principalmente na Itália.

Todo esse reconhecimento fez com Rodrigo Santoro começasse sua carreira no exterior. Mas ao contrário do que todos pensam, seu primeiro filme internacional foi Em Roma na Primavera de 2003.

Bicho de Sete Cabeças foi um marco não só para o protagonista, como foi a estreia de um longa-metragem de ficção para o roteirista Luiz Bolognesi, que anos depois escreveu Elis e Bingo: O Rei da Manhãs; e para a diretora Laís Bodanzky, conhecida também por Chega de Saudade e Como Nossos Pais.

Para a diretora o filme se mostrou um desafio especial. Primeiro por que não tinha muitas mulheres comandando projetos no cinema, além de provar seu talento, já que ela é filha de Jorge Bodanzky, um dos mais importantes documentaristas do Brasil.

Roteiro e carga dramática

Foi o ator Paulo Autran que indicou Santoro à diretora Laís Bodanzky.

O roteiro, por outro lado, é baseado no livro Canto dos Malditos; uma obra autobiográfica escrita por Austregésilo Bueno, que desde sua publicação lutava para mudar o sistema manicomial do Brasil.

Por ter toda essa carga representativa e de denúncia, a direção de Laís Bodanzky usando bastante a câmera na mão causa uma sensação de documentário. É quase como se o filme nos convidasse a nos intrometer numa situação de abuso velada que quase ninguém conhecia.

Ao assistir o filme, eu me lembrei de Um Estranho no Ninho. O filme de Milos Forman é cheio de simbologias e analogias, já Bicho de Sete de Cabeças é mais forte ao tratar o tema de pessoas deslocadas da sociedade.

Um outro ponto interessante é o próprio título. “Bicho de sete cabeças” é uma expressão popular que significa algo complicado, quase impossível de se resolver.

Pra mim esse significado conversa com a relação de Neto com o pai, já que eles estão num impasse sobre o alinhamento de expectativas entre gerações.

Apesar disso, o final nos convida a participarmos de um debate para encontrar as soluções para os problemas mostrados na trama.

Créditos Finais

Além disso, Bicho de Sete Cabeças se distancia de outros filmes da época, como a comédia O Trapalhão e a Luz Azul e o aclamado O Auto da Compadecida.

Bicho de Sete Cabeças resgatou uma tradição de filmes nacionais que são um retrato cru do país. Ele abriu as portas para outros grandes lançamentos daquela década como por exemplo Cidade de Deus, Carandiru e Tropa de Elite.

Mas quero saber de você o que você achou do filme. Me fala aqui nos comentários.


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