As polêmicas do Oscar 2025

Vamos fazer um exercício de imaginação… imagine comigo que a Dinamarca decide fazer um filme biográfico sobre o Pelé.

Para começar a pronúncia seria “Pili” ou algo parecido.

Depois, chega a notícia que o diretor será da Alemanha, os atores serão da Inglaterra e o ator principal será indiano.

Eles gravam o filme, exibem para o público e esse filme, fictício, que só existe na nossa cabeça, começa a ganhar muitos prêmios!

Como você se sentiria?

Se você achou esse exercício esquisito, fica comigo até o final porque hoje vamos falar sobre as maiores polêmicas do Oscar em 2025.

Anora

Vamos começar falando do novo filme do Sean Baker.

O Sean Baker é roteirista e diretor conhecido, principalmente, por Projeto Flórida e Tangerina.

Nesse novo filme, chamado Anora, a história é sobre uma jovem mulher trabalhadora sexual que conhece o filho de um oligarca russo e, impulsivamente, eles se casam.

O problema é que a família do rapaz é contra esse casamento e eles decidem ir para Nova York para anular o matrimônio.

Só pela sinopse é um filme interessante, mas ele tem causado muita polêmica porque dividiu opiniões sobre representatividade feminina.

A atriz Mikey Madison prefere o termo “sex shots” ao invés de “sex scenes”.

A personagem principal é interpretada pela Mikey Madison. E ela tá tão “incrível” nesse filme que foi indicada para o prêmio de melhor atriz no Oscar 2025. Ao lado de Demi Moore, da Cynthia Erivo, da Karla Gascón e da nossa queridinha Fernanda Torres.

Mas algumas notícias preocupam algumas críticas de cinema.

Por exemplo, que a produção de Anora não tinha uma coordenadora de intimidade.

Essa profissão é relativamente recente em Hollywood mas em resumo a coordenação de intimidade vai garantir a segurança dos atores e atrizes em cenas de nudez.

A coordenação de intimidade vai cuidar da coreografia dessas cenas, vai conversar com o elenco individualmente para entender como eles podem se sentir confortáveis ou não, vai conversar com o diretor para entender o nível de nudez e como tudo será gravado.

Ou seja, para muitas atrizes isso significa que elas terão um respaldo da produção quando não se sentirem confortáveis e ainda, não precisarão entrar em conflito com o diretor para tratar esses assuntos.

É importante frisar isso porque sabemos que diretores e atores já se posicionaram contra esses profissionais.

Sabendo como a coordenação de intimidade atua em um set de filmagem, quando a atriz Mikey Madison disse em entrevista que em Anora não precisou da presença desse profissional, algumas influencers disseram que isso é papel da produção decidir se uma coordenadora de intimidade será contratada para garantir, indiscutivelmente, a segurança de todo o elenco.

Além disso, outra crítica em Anora é a sua representatividade.

Em exibição fechada, Anora foi elogiada por dançarinas eróticas de Nova York.

Algumas pessoas dizem que faltou explorar sobre a personagem, sua história de vida, seus medos, seus sentimentos como sendo dançarina erótica, enfim.

Eu assisti o filme e realmente achei que esse ponto faz sentido. Senti falta de saber como ela se sentia diante desse trabalho.

Quais seriam seus planos para o futuro, ou se ela não tem nada planejado… e tá tudo bem também.

Por outro lado, gostei que o filme quebra com alguns estereótipos, como por exemplo, não necessariamente ela teve uma vida pregressa traumatizante que a obrigou, praticamente, a trabalhar como dançarina erótica.

Me pareceu um movimento pensado para deixar essa lacuna e assim mais mulheres desse ramo se sentirem na pele da protagonista.

E também os capangas não serem o que a gente imagina que são, isso quebra muito com as expectativas.

A cena final eu não achei ruim, porque quando a gente desmorona, geralmente recorremos para alguém… mas também entendo as críticas que, por justamente não explorar quem é a Anora, passe essa sensação que ela só tem uma coisa a oferecer.

A personagem acaba pensando isso dela mesma e nós, como público, também por não a conhecermos mais.

Mas há críticas positivas sobre Anora.

Críticas que expõem pontos importantes sobre o filme e em como o diretor Sean Baker teve cuidado para representar mulheres nesse contexto do trabalho sexual.

A minha dica pra você é: assista Anora, que está nos cinemas, veja reviews positivos e negativos sobre a obra e tire suas próprias conclusões.

O Brutalista

Apesar das polêmicas, O Brutalista está tendo uma repercussão positiva entre a crítica especializada e o público.

É inegável que a Inteligência Artificial está tomando conta do mundo e na indústria do entretenimento isso não é diferente.

Nas redes sociais mesmo vemos muitos conteúdos gerados por IA.

Aparentemente, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que é quem promove o Oscar, gosta bastante de conteúdo original.

Por conta disso, a academia não indicou Hans Zimmer pelo seu trabalho na trilha musical de Duna: Parte 2. Já que, segundo as regras, uma sequência não poderia ter mais de 20% de músicas do filme anterior.

Justo ou não, esse mesmo critério de originalidade não foi aplicado em O Brutalista.

O Brutalista conta a história de László e sua esposa que fogem da europa pós-guerra, em 1947, e nos Estados Unidos reconstroem suas vidas através da arquitetura.

O diretor, Brady Corbet, defendeu o uso de IA nesse filme para melhorar o sotaque húngaro do elenco.

A intervenção foi somente em algumas letras e afirmou que em nenhum momento o uso de IA foi para o cenário.

Será que no futuro teremos uma cláusula de tolerância de 10% ou 20% de uso de IA nos filmes para serem indicados ao Oscar?

Emilia Perez

Você se lembra do exercício de imaginação que fizemos no início?

Pois agora é o momento de esclarecê-lo.

A crítica especializada adora Emilia Pérez, já o público nem tanto.

O filme francês Emilia Perez conta a história de um chefe do cartel mexicano que pede ajuda a uma advogada para sair daquela vida e se tornar a mulher que sempre sonhou em ser.

É um filme que, de cara, desperta interesse. Colocar um assunto tão caro num ambiente que, geralmente, é hostil para esse tipo de tema é, no mínimo, muito curioso.

Importante dizer que o meu intuito aqui não é atacar de maneira alguma o elenco e os profissionais sérios que trabalharam em Emilia Perez.

Mas o problema central desse filme é a sua representação.

Assim como no filme imaginário que pensamos aqui sobre o Pelé, alguns mexicanos estão criticando pesadamente o filme por se apoiar em clichês, por não usar um elenco do país e por abusar de estereótipos.

Essas críticas são corroboradas pelas declarações, no mínimo, desastrosas da equipe desse filme.

O diretor Jacques Audiard, que é francês, disse que não precisou fazer muita pesquisa sobre a cultura mexicana porque ele já sabia o suficiente.

Já a diretora de elenco disse que o elenco não poderia ser mexicano porque eles não acharam ninguém que incorporasse melhor os papéis do que a Zoe Saldana ou a Selena Gomez que, apesar de ter ascendência mexicana, foi criada nos Estados Unidos.

Para arrumar isso eles “corrigiram” a origem dessas personagens para se adequar à escolha do elenco.

Não há grandes problemas de um outro país decidir contar uma história situada em outra nação, o problema é que aqui a crítica aponta a maneira de se fazer isso.

E para fechar com chave de ouro, o uso de IA em Emilia Perez foi usado na voz da atriz Karla Gascón para aprimorar sua técnica vocal e ainda mesclada com a voz da cantora francesa Camille.

Eu assisti Emilia Perez e posso dizer que esse filme tá muito longe de ser um musical, que é o que se propõe a ser.

Ainda mais depois de termos assistido Wicked e ouvir vozes tão poderosas no filme.

Eu também acredito que o México foi sub representado. Eu não vi um aspecto positivo do país.

Tudo o que o diretor mostra é tragédia além de reforçar as diferenças de classes do país; como se a solução de todos os problemas fossem apenas dinheiro.

Um filme que se passa 99% no méxico e não ter no elenco principal alguém do país, é muito preocupante.

Senti que o diretor não sabia o que fazer com as personagens.

A Rita, interpretada pela Zoe Saldana, que sempre quis sair do méxico e morar em outros países, volta por um motivo muito fraco.
A Jessi, interpretada pela Selena Gomez, é rasa em muitos momentos e a gente vê uma pontinha de desenvolvimento já no final da história.

Emília Perez quis abordar muitos temas e se perdeu pelo caminho.

Eu fiquei sem saber sobre o que é o filme. Quando você quer falar sobre muitas coisas acaba dizendo nada.

Apesar disso, eu gostei da caracterização do Manitas e depois para Emília; e da música que o Manitas canta, achei a letra bem legal e significativa.

O começo do filme é confuso. O diretor, colocou uns quatro fade out antes de 50 minutos de filme.

Parece que ele não sabe lidar com passagem de tempo e quis apressar as coisas.

Emilia Pérez é um filme desesperado que a todo momento tenta emocionar o espectador.

E também um lettering me incomodou demais: as personagens falam da Suíça, de uma casa na beira do lago, cinco minutos depois esse cenário aparece com Suíça escrito em letras garrafais na tela.

Tá, eu sei que é a suíça, você me disse 5 minutos atrás.

Acredito que a transgeneridade deve ser tratada de forma natural e habitual, mas também com seriedade e zelo.

Acredito que teve um momento que o filme mostra isso de forma displicente e até… boba.

E ainda por cima, depois da atriz Karla Gascón acusar a equipe da Fernanda Torres de atacar o filme, os twiteiros do Brasil revelaram vários tweets da Gascón sendo, no mínimo, controversa…

Isso foi parar na gringa, nos maiores portais de entretenimento de Hollywood e foi uma bomba atômica para a campanha do filme no Oscar desse ano.

Mas é claro que ela excluiu tudo, inclusive a sua conta.

Talvez ela não conheça essa expressão, mas “o print é eterno”.

Comente o que você acha das polêmicas do Oscar esse ano!

FONTES

  1. https://www.fatosdesconhecidos.com.br/o-que-faz-um-coordenador-de-intimidade-no-set-de-filmagens/
  2. https://www.instagram.com/reel/DEGdFyWPMRE/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
  3. https://youtu.be/-LiJ10024EM
  4. https://www.instagram.com/reel/DFJcrlcsfuK/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
  5. https://www.instagram.com/reel/DFS60kDRPA7/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
  6. https://www.omelete.com.br/filmes/duna-parte-2-trilha-hans-zimmer-oscar-2025
  7. https://cinepop.com.br/diretor-esclarece-o-polemico-uso-de-ia-em-o-brutalista-628490/
  8. https://tecnoblog.net/noticias/o-brutalista-e-emilia-perez-sao-criticados-por-usar-ia-na-voz-de-atores/
  9. https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/o-brutalista-existe-uma-historia-real-por-tras-do-filme-ambientado-no-holocausto.phtml
  10. https://culturacolectiva.com/entretenimiento/cine-series/historia-real-emilia-perez-pelicula/
  11. https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2022/01/o-que-e-transgeneridade-nao-binariedade-e-por-que-linguagem-neutra-importa.html
  12. https://www.em.com.br/cultura/2025/01/7048661-emilia-perez-veja-os-tweets-racistas-de-karla-sofia-gascon.html#google_vignette
  13. https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/karla-sofia-gascon-desativa-conta-no-x-antigo-twitter-apos-polemicas/
  14. https://x.com/carlasantni/status/1876096631097176156
  15. https://x.com/carlasantni/status/1883986935745839236
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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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