Agnès Varda | Realismo documental que precedeu a Nouvelle vague

Por cerca de seis décadas consecutivas, a cineasta Agnès Varda construiu para si uma carreira sólida de sucesso e completamente inesquecível.

Sendo considerada como uma das figuras fundamentais para a criação da Nouvelle Vague.

Além disso, Varda é também mundialmente conhecida como uma das cineastas mais influentes de toda a história do cinema.

Principalmente por ter sido uma feminista propriamente declarada que sempre buscou lutar contra a desigualdade social, o que pode ser facilmente notado na maioria de suas obras cinematográficas e documentários.

Assim sendo, caso esteja interessado em conhecer um pouco mais sobre essa incrível cineasta e as suas obras mais marcantes do cinema, continue lendo esse conteúdo!

A vida e carreira de Agnès Varda

Agnès Varda no evento de seu filme Cléo de 5 à 7 (1962)

Em meio uma época onde as indústrias cinematográficas estavam repletas de diretores homens, Varda conseguiu destacar-se e tornou-se a primeira mulher a ganhar um Oscar pelo conjunto de sua obra e uma Palma de Ouro honorária.

Agnès Varda nasceu como Arlette Varda, no dia 30 de Maio de 1928, em uma comuna bilíngue na região de Bruxelas, Bélgica.

Agnès mudou-se para Paris, na França, ainda durante a sua adolescência, onde acabou mudando legalmente o seu nome para Agnès aos 18 anos de idade.

Após concluir o ensino fundamental, Agnès decidiu estudar História da Arte e Fotografia , na École des Beaux-Arts.

No entanto, de acordo com a cineasta, não foi um bom período de sua vida pois, achava que a cidade de Paris era suja demais e, além disso, não gostava das aulas de sua universidade.

Assim sendo, Agnès começou a trabalhar como fotógrafa para o Théâtre National Populaire e foi justamente por esse trabalho que Agnès passou a interessar-se mais por cinema e então decidiu seguir carreira como cineasta.

A sua contribuição para a Nouvelle Vague

Silvia Monfort e Philippe Noiret em La Pointe-Courte (1955)

Desse modo, em meados de 1955, a diretora até então sem experiência alguma, lançou o seu primeiro longa metragem, La Pointe-Courtre.

O filme foi considerado pela crítica como uma grande influência que, posteriormente, serviu como inspiração para o movimento Nouvelle Vague na França e o tornou mais relevante.

Alguns anos depois, por volta de 1962, Agnès Varda lançou o seu segundo longa metragem, Cléo das 5 às 7.

Que rapidamente tornou-se um sucesso e até mesmo foi indicado à Palma de Ouro do Festival de Cannes.

Até os dias atuais, essa é uma das obras cinematográficas mais prestigiadas da cineasta e, desde então, a cineasta passou a dirigir obras primas do cinema.

No mesmo ano, Varda casou-se com o também cineasta, Jaques Demy.

Juntos, o casal teve dois filhos: Mathieu Demy – ator, diretor e, produtor – e Rosalie Varda – também produtora e atriz.

Após o falecimento de seu marido, em 1990, Varda homenageou a vida pessoal e carreira do diretor em duas grandes obras, Jacquot de Nantes (1991) e L’universe de Jacques Demy (1995).

A filha de Agnès, Rosalie, produziu os últimos dois longa metragens de sua mãe, incluindo o aclamado Visages, villages (2017).

Que foi o responsável por Agnès receber um Oscar Honorário da Academia, com os seus 89 anos de idade.

Sendo até então, considerada como a pessoa mais velha a receber uma indicação e também a primeira mulher a ganhar o prêmio.

Porém, um ano depois, no dia 28 de Março de 2019, Agnès Varda faleceu, aos 90 anos de idade, após perder uma batalha contra um câncer.

O realismo documental de Agnès Varda

Cena de Uma Canta, a Outra Não (1977)

Sem dúvida, desde o início de sua carreira, a diretora retratava aspectos do feminismo e a luta diária das mulheres em busca de igualdade.

Mas, além disso, Varda também gostava de abordar outras questões importantes, como o racismo e o movimento negro de forma documental ou através de seus filmes realistas.

Mesmo em obras mais fictícias, a diretora gostava de retratar o cotidiano de protagonistas mulheres, geralmente, rejeitadas pela sociedade e marginalizadas.

Assim sendo, por seu jeito único e inconfundível de contar histórias e um realismo documental, as obras cinematográficas de Agnès são extremamente autênticas e peculiares, assim como também as suas personagens femininas marcantes.

Portanto, confira a seguir quais são as principais obras da carreira de Agnès Varda!

Cléo das 5 à 7 (1962)

Cléo é uma jovem cantora, que decide fazer um exame para descobrir se está com câncer.

Enquanto aguarda o resultado ficar pronto, Cléo passeia pelas ruas da cidade de Paris, onde acaba conhecendo um jovem militar, Antoine, que está de partida.

Uma Canta, a Outra Não (1977)

Durante a década de 70 na França, em decorrência do movimento feminista da época, o caminho de Pomme e Suzanne acabam se cruzando.

No entanto, elas acabam perdendo contato uma com a outra.

Após dez anos, se reencontram novamente e, dessa vez, Pomme tornou-se uma cantora e Suzanne possui um trabalho tradicional.

As Praias de Agnès (2008)

Uma autobiografia de Agnès Varda repleta de entrevistas, fotografias, trechos de filmes e encenações.

A cineasta nos leva em um passeio para conhecermos um pouco mais sobre a sua infância, até o início de sua carreira no cinema e de seu casamento com Jacques Demy.

As Duas Faces da Felicidade (1965)

François é um carpinteiro que vive com a sua mulher e seus dois filhos em um subúrbio de Paris.

Desse modo, François começa a se relacionar com Emilie sem sentir remorso algum, no entanto, a sua traição acabará acarretando em severas consequências.

Varda por Agnès (2019)

Essa autobiografia é como se fosse uma espécie de despedida da cineasta pois, é último filme da longa carreira de Agnès Varda, a cineasta conta um pouco mais sobre as suas três vidas, como artista, cineasta e fotógrafa.

Créditos Finais

A diretora recebendo seu Oscar Honorário

Ao longo de sua carreira que durou até o fim de sua vida, Agnès Varda realizou diversas obras primas do cinema.

Que não só foram importantes para o movimento Nouvelle Vague, como também tornaram-se inesquecíveis para a sociedade e o cinema mundial.

De fato, é difícil definir o brilhantismo da cineasta e a importância de todas as suas obras, documentais e fictícias, que sempre retratavam questões importantes, incluindo políticas, a luta diária das mulheres, a desigualdade social e o racismo.

Embora tenha sido uma importante referência para a Nouvelle Vague, sem dúvida, Varda também serviu como inspiração para diversas outras cineastas mulheres surgirem.

Assim sendo, não esqueça de comentar o que você achou sobre a cineasta e quais são os seus filmes preferidos!

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