Por Dentro da Tela

A verdade nua e crua de The Underground Railroad

Quais os efeitos da escravidão na mente e na história de um povo? E qual o custo da liberdade para uma pessoa escravizada? No artigo de hoje analisei a série The Underground Railroad.

The Underground Railroad é uma adaptação de um romance de mesmo nome escrito por Colson Whitehead.

O escritor ganhou vários prêmios por esse livro, inclusive o Pulitizer. O sucesso foi tão grande que em 2016 foi anunciada uma adaptação que seria dirigida por Barry Jenkins.

Barry Jenkins escreveu e dirigiu Moonlight, que também ganhou vários prêmios entre 2016 e 2017.

A história de The Underground Railroad

Em The Underground Railroad, acompanhamos a vida de Cora (Thuso Mbedu). Uma jovem escravizada que depois de punida por defender uma menino, decide fugir. Para isso, ela usa uma forma de transporte que é um segredo guardado a sete chaves.

Como o próprio nome da série diz, ela usa uma ferrovia subterrânea que, de forma sistêmica e organizada, foi responsável por libertar muitos escravizados.

O que chama atenção na série é que seu nome realmente existe na história afro-americana dos Estados Unidos. As pessoas negras que eram escravizadas fugiam dos Estados do Sul utilizando rotas traçadas por abolicionistas até chegarem no norte, onde estariam livres.

Apesar do termo “underground railroad” ser usado na quela época, não existia de fato uma ferrovia subterrânea no país.

Em entrevista, o autor do livro disse que sua história busca transmitir “a verdade das coisas, não os fatos”.

Ou seja, todo o sistema escravocrata está na série, bem como o racismo científico e velado, mesmo por parte dos abolicionistas.

Fatos que aconteceram ao longa da história afro-americana nos Estados Unidos serviram de base para acontecimentos na série.

Um exemplo é o trágico episódio conhecido como “Black Wall Street”. Onde um bairro que viviam pessoas negras, foi arrasado por pessoas brancas; isso em 1921 em no Estado de Oklahoma.

A atmosfera da série

A atriz Thuso Mbedu já ganhou o prêmio de Melhor Atriz no South African Film and Television Awards (2018), por sua atuação na novela sul-africana Is’Thunzi. Além de ser indicada duas vezes ao Emmy (2017 e 2018) também por este trabalho.

Mesmo entre os apoiadores, Cora muitas vezes se sentia presa e oprimida. Isso tudo é fruto do trabalho de Barry Jenkins. Ele conseguiu traduzir em tela esse sentimento.

Por exemplo, muitas vezes vemos cenas contemplativas, que revelam a beleza natural dos Estados Unidos, mas isso se contrasta com a história, já que Cora está sempre fugindo e não se sente parte integrante daquele lugar.

Apesar de ser uma série extensa, ou até lenta, para mim isso fez sentido porque o diretor criou um significado inverso para as cenas silenciosas. Às vezes com uma trilha musical baixa ou inexistente, me sentia apreensivo porque dava a sensação da calmaria antes da tempestade.

Outro ponto que chama atenção na série são as músicas que fecham os episódios. This Is America encerra o episódio 9, mostrando que presente, passado e futuro se misturam.

Créditos Finais

The Underground Railroad é violento, melancólico e apresenta uma verdade nua e crua sobre a construção dos Estados Unidos, mas acima disso, é sobre uma vitória…agridoce.


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