Por Dentro da Tela

A estrutura de Bela Vingança (sem spoilers)

Bela Vingança ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, mas qual a estrutura por trás do roteiro?

Escrito e dirigido por Emerald Fennell, Bela Vingança conta a história de Cassie, uma jovem traumatizada por um trágico acontecimento do seu passado que busca vingança contra aqueles que cruzam seu caminho.

Estrelado por Carey Mulligan, o filme é o grito preso na garganta de muitas mulheres que se sentem coagidas e desprotegidas em certas situações. Explicitamente, Bela Vingança fala de uma cultura onde naturalmente consentimos com certas atitudes extremamente tóxicas.

A estrutura narrativa clássica

Para falar de um grande tema que permeia todo o filme, Emerald Fennell recorreu à estrutura clássica narrativa. Quando o enredo trata de um assunto e no final transmite uma mensagem, ou a moral da história.

Quando falamos desse tipo de estrutura logo pensamos na Jornada do Herói. Onde Joseph Campbell fez um amplo estudo sobre as mitologias em diferentes sociedades ao longo da história; e Christopher Vogler estruturou em 12 passos para a criação de uma narrativa.

Outros estudiosos se debruçaram sobre esse tema e um deles foi Robert McKee. Professor, pesquisador e grande referência de estruturação de histórias, McKee cunhou o termo archplot.

O que é archplot e sua estrutura em Bela Vingança

Mesmo não conhecendo as estruturas por trás de um roteiro, intuitivamente sabemos quando é o clímax de uma história. É o momento mais importante de todo o filme!

Archplot é uma maneira de construir uma história baseada na narrativa clássica. Para Robert McKee é fundamental que contenha 5 elementos para alcançar esse objetivo.

São eles: Incidente Incitante; Complicações Progressivas; Crise; Clímax e Resolução.

Diferente da Jornada do Herói, no archplot existe uma liberdade maior para se escrever uma história, já que nos 12 passos os acontecimentos estão interligados e nem todo protagonista precisa passar por todos os passos.

É o que acontece por exemplo em Bela Vingança. Apesar de vermos momentos marcantes da Jornada do Herói, a narrativa é muito mais fluída e quase imperceptível.

Os 5 elementos do archplot

No Incidente Incitante acontece uma ruptura com o mundo comum que nos foi apresentado até aquele momento. Fazendo com a protagonista tenha que lidar com essa situação.

Em Complicações Progressivas, como o nome já diz, o personagem terá que enfrentar obstáculos cada vez mais difíceis, mas que levam ele ou ela cada vez mais perto de resolver o grande problema apresentado lá no Incidente Incitante.

Na Crise a protagonista chega ao fundo do poço. Quando sem opções, ela precisa tomar uma decisão final, é o maior desafio de todo o filme e o último.

O Clímax é ponto decisivo da história, seja para o bem ou para o mal. As grandes viradas ou as grandes surpresas acontecem aqui. Todo os esforço desprendido pela protagonista gera então a solução do problema.

A Resolução mostra o resultado transformador e irreversível da personagem. Vemos também o que aconteceu depois do Clímax e o final da protagonista e/ou dos outros personagens. Em Bela Vingança esse momento é bem colado com o Clímax, mas está lá!

Créditos Finais

Quero saber de você qual seu momento favorito em Bela Vingança, me conta aqui nos comentários. Mas deixa avisado se você vai contar um spoiler.


Assista também o vídeo que fizemos sobre o filme:

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