Alien, o Oitavo Passageiro é sem dúvidas um dos grandes filmes de terror e ficção cientifica da década de 70.
O filme fez tanto sucesso que suas continuações pareciam inevitáveis, mas isso teve um alto preço.
Esse artigo tem spoilers da franquia Alien nos cinemas.
A trajetória de Ripley
No primeiro filme, dos 4 que a personagem aparece, Ripley é uma personagem inteira. Ela é corajosa, destemida e respeitada por seus colegas de trabalho.
Na ausência do capitão, é Ripley que fica no comando do cargueiro estelar Nostromo. A sua patente de tenente condiz com seu espírito de liderança que ela vai apresentar nos outros filmes.
Como uma personagem completa, que praticamente não teme nada nem ninguém, os acontecimentos em o Oitavo Passageiro muda sua originalidade.
Eu fiquei com mais medo no primeiro filme quando eu percebi que a própria Ripley saiu traumatizada da experiencia de contato com o xenomorfo, que é o nome da raça do Alien.
Esse trauma só é superado no filme seguinte em Aliens, O Resgate. É quase uma catarse quando vemos que Ripley supera seu medo e vence todos os aliens e se impõe o salvamento da garota Newt.
Inclusive a forte justificativa dessa imposição se perde na versão do filme, já que não mostra que Ripley perdeu sua filha na passagem dos anos entre os dois filmes.
Mas é a partir do terceiro filme que as coisas começam a dar “errado”. O terceiro filme, apesar de ter uma boa premissa é uma justificativa plausível, desperdiça os personagens maneiros do filme anterior, que inclusive fizeram parte no processo de superação de Ripley.
Ao matá-los fora de tela, o filme se desconecta demais com a trajetória da personagem apresentada até ali. Apesar desse problema, a personagem continua extremamente coerente com seus ideias; ela faz de tudo para acabar com o xenomorfo ao ponto de apagar sua própria existência.
É uma atitude que a Ripley faria!
A “morte” de Ripley
Mas então o lucro falou mais alto. Mesmo tendo terminado de contar toda a história da personagem, o estúdio insistiu numa continuação. Esse foi o fim da personagem.
Agora Ripley é um clone, o oitavo. Ela tem “super poderes”, graças ao um resultado inesperado do cruzamento genético entre humano e xeromorfo.
Mas o pior é ela afirmando que é a mãe de um Alien!
Em Alien, a Ressurreição a personagem Ripley morre. Não literalmente, porque ela sobrevive no final, mas toda sua personalidade vai embora. Isso é até visível na cara da atriz Sigourney Weaver, que parece cansada.
Mesmo ela matando os aliens, inclusive um que seria mesmo o seu “filho”, a personagem está apática em alguns momentos e serve como apenas uma memória a muito esquecida de uma batalha do passado.
Créditos Finais
A forçação de barra nas franquias cinematográficas podem ser muito prejudiciais para os personagens maneiros que conhecemos nos primeiros filmes. Continuar uma história requer cuidado e muita criatividade.
Mesmo a criatividade uma hora acaba. Pena que o lucro, que norteia essas produções, não pode acabar também. Aí o que vemos é isso.
Se você quer se aprofundar mais nessa discussão, deixe nos comentários outros exemplos de franquias do cinema que mataram seus personagens.
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