2067 | Curta metragem cyberpunk, futurista e atual

Em um futuro próximo, grande parte da humanidade morreu devido uma arma química. Em 2067 acompanhamos a missão de um andarilho, numa São Paulo devastada e dominada pelo medo e violência.

O grande motivo para um grupo de universitários fazerem um curta metragem futurista foi justamente experimentar o subgênero cyberpunk. Depois, com a pesquisa e aprofundamento do assunto sob a orientação da prof° drª Isabella Goulart, o tema foi aprofundado em questões sociopolíticas mais interessantes.

Tema futurista e atual

Na época, o medo do conflito armado entre estados Unidos e Coréia do Norte era real. Mesmo não tendo se concretizado atualmente, o risco químico-biológico para a humanidade ainda é concreto

Parece clichê falar que o grupo não previu o futuro. Com apenas algumas alterações, podemos traçar paralelos importantes com o momento atual.

A devastação da humanidade por um motivo químico-biológico é mais real que nunca. Se na Guerra Fria o medo vinha da tecnologia nuclear, no começo do século XXI essa incerteza vem da própria natureza.

No curta metragem algumas pessoas alcançaram a imunização. E sim, aqueles poucos privilegiados tiveram acesso à cura antes da maioria.

Uma palavra relevante que aparece no argumento, e no curta também, é recolonização. Hoje parece impensável, conhecendo como foi a colonização, pensar que um país pode se apoderar do outro; mas num cenário de incertezas e acusações infundadas, recolonizações e anexações podem ser totalmente plausíveis.

Outro cenário interessante presente no argumento foi a eleição de um “presidente militar extremista”. À época que foi escrito, três anos atrás, nem os mais pessimistas poderiam imaginar um futuro próximo para o Brasil neste formato.

Mas por que trazer informações do argumento que nem sempre aparecem em tela? Além de enriquecer a experiencia ao assistir o curta, justifica algumas decisões de enredo na trama.

O subgênero cyberpunk e a Direção de Arte

As decisões do Departamento de Arte partiram da pesquisa do TCC. 2067 foi classificado como cyberpunk da periferia. Além de recursos físicos, nesta cena por exemplo, aparece uma tela de luz que foi adicionada na pós-produção. Na imagem: Sara (Lisi Andrade) e Andarilho

Nascido da literatura, o cyberpunk foi central para a construção de 2067. Mesmo num futuro à média distância, pode parecer difícil imaginar o Brasil daqui 47 anos, mas olhando os pilares deste subgênero, e conhecendo o pais como nós conhecemos, traduzir isso em tela foi um processo descomplicado.

Mas isso não significa que as coisas foram fáceis. Os objetos, a maquiagem, a luta, enfim, a mise-em-scène, foi construída com muita pesquisa, trabalho e experimentações.

A Direção de Arte se debruçou primeiramente nas referências. Filmes como Elysium (2013), Distrito 9 (2009) e Sleep Dealer (2008) foram essenciais para alcançar a estética que vemos em tela.

Apesar de ser um curta metragem, ou seja, um produto audiovisual, muita pesquisa foi feita por se tratar de um TCC. A visão do cyberpunk e as descobertas ao longo do processo nos permitiu mapear o que chamamos de cyberpunk da periferia.

Em poucas palavras, cyberpunk da periferia são filmes que seguem os princípios basilares do gênero, mas com uma geolocalização diferentes de países desenvolvidos. Um exemplo são os filmes já citados em comparação com outros expoentes do cyberpunk, como por exemplo Blade Runner: O Caçador de Androides (1982).

Em Blade Runner vemos o cyberpunk nas telas do cinema. Mas é em 2009, com Neil Blomkamp, que esse cenário (do cyberpunk da periferia) ficou mais conhecido.

As referências e o despontamento por esse gênero ainda mais específico, nos permitiu ter muita liberdade e segurança nas escolhas do departamento de arte.

A Direção de 2067

Na imagem: Fillipe Ferreira que foi responsável pelo som direto e sonoplastia, e Julio Mello que escreveu e dirigiu o curta

A Direção Geral é de Julio Mello. O diretor se baseou nas referências cinematográficas já citadas, isso se traduziu em planos estáticos para permitir a contemplação e familiarização com o ambiente.

Em contrapartida, planos com steadycam foram usadas para as cenas de ação.

Da Direção partiu indicações importantes para o Departamento de Arte. O fato de sabermos que geralmente o gênero cyberpunk é composto por arranha-céus , carros voadores, tecnologia super avançada, mas que, por ser situado em um ambiente de periferia, a ideia era ter um visual pós apocalíptico com alguns detalhes de super tecnologia.

O orçamento limitado foi uma das motivações para criar esse ambiente. Mas ao mesmo tempo, isso se tornou um ótimo instrumento para a trama e para o subgênero cyberpunk da periferia.

Outro exemplo foram os figurinos, que deveriam ser desajustadas aos personagens e improvisadas, para tornar mais crível o universo visual de 2067.

O casting também foi significativo para o projeto. Alguns atores foram convidados pelo próprio Julio Mello, outros, como a gangue do Abutre, foram escolhidos através de uma seleção.

Foi somente no casting que personagens, como Bocão e Rato, tomaram forma. Além disso, as cenas de luta foram coreografadas por um dublê profissional.

Toda essa atenção era essencial para o projeto. Não só porque era um TCC, mas também para economizar tempo, já que ele foi pouco para produção e finalização de 2067

Créditos Finais

Abutre e sua gangue. Da esq. para dir.: Bocão (Patrick Bep), Pedrinho (Rogério Ribeiro), Abutre (Robson Marinho), Rato (Allyson Araújo) e Picanha (Lucas Ribeiro)

Muitas outras pessoas estão no projeto, a lista de agradecimentos é grande. Para saber mais sobre os profissionais de 2067, você pode visitar a página do curta no IMDB.

Outra informação é que a trilha musical foi um tema original.

Para saber mais assista o curta no youtube. E se você gostou, deixe seu comentário!

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Albert Hipolito

Criador do Por Dentro da Tela. É Radialista e nas produções cinematográficas sempre está envolvido na arte. Tem em Pokémon e em Star Wars suas lembranças vivas da infância.

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